O delegado Guilherme Fachinelli, titular da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), afirmou que o direito à privacidade, inclusive a virtual, é um privilégio de adultos, e não de crianças e jovens. Em entrevista exclusiva ao HNT, ele fez um alerta sobre a necessidade de vigilância constante dos pais no ambiente digital, a importância de denunciar crimes virtuais, e como prevenir situações de risco.
Fachinelli destacou dois casos recentes: um adolescente de Cuiabá investigado por disseminar discurso de ódio no Instagram e outro, em Rondonópolis (a 215 km da capital), suspeito de incentivar automutilação entre menores por meio da internet. Segundo ele, ambos os casos revelam um padrão comum — pais que desconheciam completamente o que os filhos faziam no ambiente virtual.
"Não existe privacidade para criança", afirmou o delegado, defendendo que a privacidade irrestrita deve ser conquistada com a independência financeira. "Eu sei que às vezes parece uma visão conservadora, mas ou é isso, ou seu filho está suscetível a tudo isso que está acontecendo no mundo".
O delegado comparou a supervisão online à vigilância tradicional dos pais no mundo físico. "Da mesma forma que os pais ficavam em vigilância constante na rua, quem era o amigo que ele se aproximava, de que família ele era, com quem ele andava, da mesma forma isso tem que funcionar na internet".
Fachinelli reforçou a importância da máxima paterna de "não perder os filhos de vista", adaptando-a ao contexto digital. "Hoje o filho está à nossa vista, na nossa sala, no quarto dele, mas a gente não está acompanhando o digital dele. Então você não pode perder seu filho de vista digitalmente".
Também alertou sobre a dificuldade de generalizar sobre linguagens, ou acreditar que uma rede social seja mais perigosa que outras, enfatizando que o significado de termos e interações pode variar entre diferentes comunidades online.
O delegado ainda fez um apelo aos pais para que incentivem os filhos a não se tornarem "reféns desses criminosos virtuais", que frequentemente se aproveitam do medo das vítimas de reportar a situação aos pais. Ele enfatizou a importância de denunciar qualquer suspeita à polícia, para que as evidências digitais possam ser preservadas e os criminosos responsabilizados.
"A internet não é um ambiente sem lei. Existe lei. Nós estamos aí trabalhando justamente para poder responsabilizar essas pessoas e com isso proteger nossas crianças e nossos jovens que não são o nosso futuro, já são o nosso hoje", concluiu o delegado.
Por fim, Fachinelli destacou que é possível prevenir situações de perigo online. Como a existência de aplicativos que permitem aos pais monitorar a atividade online dos filhos, e até a localização, identificando possíveis exposições de risco e até mesmo comportamentos preocupantes, como a automutilação.
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