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Economia Quarta-feira, 19 de Março de 2025, 16:30 - A | A

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Quarta-feira, 19 de Março de 2025, 16h:30 - A | A

Tarifas são o fator determinante na piora das expectativas nos EUA, diz presidente do Fed

CONTEÚDO ESTADÃO
da Redação

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, disse que as tarifas são o fator determinante na piora das expectativas para a inflação nos Estados Unidos. Apesar disso, ele afirmou que o cenário base é de que esse momento seja "transitório" e que as expectativas de longo prazo estão "bem ancoradas".

"Vamos acompanhar as expectativas para a inflação com muito cuidado", disse Powell, durante coletiva de imprensa no período da tarde desta quarta. Ele disse que não vê a contaminação das expectativas para a inflação americana no longo prazo.

Segundo Powell, boa parte da inflação elevada vem das tarifas, mas é difícil atrelar toda a piora às políticas comerciais do presidente dos EUA, Donald Trump. O presidente do Fed citou, por exemplo, que a inflação de bens aumentou e que é um "desafio" justificar essa elevação com as tarifas.

"Ainda nos resta saber como a incerteza deve afetar perspectivas econômicas", afirmou ele. "A incerteza sobre mudanças na política e seus efeitos econômicos é alta", acrescentou.

Segundo Powell, o mercado de trabalho nos Estado Unidos não é uma fonte de pressões inflacionárias. "Com o mercado de trabalho balanceado no geral, podemos agir (em relação à política monetária) com parcimônia", disse.

Sem pressa para ajustar política monetária

O presidente do Federal Reserve afirmou que não é preciso pressa para ajustar a política monetária nos Estados Unidos, repetindo a mensagem passada na primeira reunião do ano, em linha com as expectativas de Wall Street.

De acordo com ele, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) pode esperar por um cenário de maior clareza em relação aos impactos econômicos das medidas tomadas pela gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Não há pressa em cortar as taxas. Se o mercado de trabalho enfraquecer, podemos flexibilizar a política, se preciso", afirmou Powell, durante coletiva de imprensa.

O dirigente disse que os dados econômicos seguem bastante sólidos nos EUA, mas que a inflação começou a subir em resposta às novas tarifas comerciais impostas pela atual administração. Nesse sentido, ele admitiu que possa haver atraso no progresso dos preços no país, apesar da recente melhora do indicador.

Questionado sobre a recente pesquisa da Universidade de Michigan, que mostrou piora nas expectativas para a inflação nos EUA, Powell disse que os dados são um 'outlier', ou seja, fora da curva. A última pesquisa da Universidade de Michigan mostrou que as expectativas de inflação em 12 meses subiram de 4,3% em fevereiro para 4,9% em março. Já para o horizonte de cinco anos avançou de 3,5% para 3,9%.

'Bom lugar'

O presidente do Federal Reserve disse que não é correto ajustar a política monetária nos Estados Unidos caso a piora das expectativas para a inflação se dissipem por si só. Segundo ele, as taxas norte-americanas estão em um "bom lugar".

Powell reforçou o compromisso do Fed com o duplo mandato, de máximo emprego e preços estáveis, mas admitiu que pode haver situações em que as metas do Fed fiquem ameaçadas.

"Será desafiador se as metas do Fed precisarem ser revistas, mas não é o caso", ponderou o dirigente.

Inflação ainda elevada

Powell enfatizou que a inflação ainda continua um pouco elevada em relação à meta da autoridade, de 2% ao ano. O Fed piorou as suas expectativas para os preços nos Estados Unidos para 2025 e 2026. A mediana das projeções para a inflação nos EUA medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) aumentou de 2,5% em dezembro para 2,7% em março deste ano. Para 2026, subiu de 2,1% para 2,2%. As medianas de 2027 e de longo prazo foram mantidas em 2,0%.

De acordo com Powell, a atividade econômica segue forte nos EUA, mas ele chamou a atenção para consumidores mais contidos no país. "Indicadores recentes apontam para uma moderação nos gastos dos consumidores", afirmou ele, durante coletiva de imprensa, nesta tarde.

Possibilidade de recessão

O presidente do Federal Reserve admitiu que sempre existe uma "possibilidade incondicional de recessão". A economia dos Estados Unidos parece continuar "saudável", mas o sentido é negativo, segundo ele. "Sempre há uma possibilidade incondicional de recessão. As probabilidade de recessão aumentaram um pouco, mas em níveis relativamente moderados", afirmou, ao falar a jornalistas.

Powell acrescentou que as chances de uma recessão nos EUA eram "extremamente baixas". "Então, mudou, mas não é alto", reforçou.

Ele voltou a repetir que os dirigentes do Fed estão observando com atenção os dados sobre as expectativas para a inflação nos Estados Unidos.

De acordo com ele, 'separar sinais, dos barulhos' é um modo de dizer que há alta incerteza no ambiente. "Não estou descartando o aumento nas expectativas de inflação de curto prazo, mas não há nenhum relato de aumento nas expectativas de longo prazo", disse.

Também reforçou que é "muito difícil" provar cientificamente que a piora da inflação de bens nos EUA no início deste ano está atrelada às tarifas. Na visão do dirigente, haverá mais clareza nas perspectivas à frente, mas é "difícil" saber quando. "Além do barulho, pode haver leituras idiossincráticas, em diversas categorias, que em breve se reverterão", avaliou. "Eu acho que vamos saber, em alguns meses, se a alta da inflação de bens veio de tarifas, de onde veio isso, mas é outro caso desafiador", concluiu.

A decisão

O Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed manteve nesta quarta-feira inalterada a taxa dos Fed Funds na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano. Analistas consultados pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) esperavam amplamente uma nova manutenção dos juros pelo BC americano na segunda reunião de política monetária de 2025.

As decisões tomadas nesta quarta pelos dirigentes do Fed não foram unânimes. O diretor do Fed, Christopher Waller, concordou na manutenção das taxas, mas votou pela continuidade da redução do balanço de ativos da autoridade monetária. O FOMC decidiu por reduzir o teto mensal de resgate de títulos do Tesouro de US$ 25 bilhões a US$ 5 bilhões em abril.

(Com Agência Estado)

 

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