No sábado, 1º, Trump anunciou taxas de 25% para produtos importados do México e do Canadá, e de 10% para itens da China. O presidente americano justificou a medida dizendo que os vizinhos não se empenhavam em combater o tráfico de fentanil e a imigração ilegal nas fronteiras.
Na segunda-feira, 3, porém, o republicano suspendeu por um mês o tarifaço para México e Canadá, após acordo com os líderes dos dois países. A China ficou de fora, apesar de Trump ter dito que conversaria com o presidente chinês, Xi Jinping, para tentar uma solução - neste caso, a queixa do republicano é de que o país asiático não se empenharia para conter o tráfico de insumos para a produção do fentanil.
Ontem, Trump disse não ter "pressa". "Conversarei com Xi Jinping no momento apropriado", disse ele, no Salão Oval da Casa Branca. Sobre as retaliações chinesas, o republicano se limitou a responder que "está tudo bem".
De acordo com o governo chinês, as tarifas de Trump "prejudicam seriamente o sistema de negociação multilateral baseado em regras, prejudicam a base da cooperação econômica e comercial entre a China e os Estados Unidos e interrompem a estabilidade das cadeias de suprimentos da indústria global". O texto, assinado pelo Ministério do Comércio do país, integra o comunicado sobre as contramedidas.
Nos decretos assinados pelo presidente americano sobre o tarifaço, havia a previsão de que retaliações poderiam ser respondidas com outros aumentos de taxas. A Casa Branca não informou ontem se acionaria o dispositivo.
Wendy Cutler, ex-negociadora comercial dos EUA, disse que as medidas anunciadas por Pequim eram um sinal de que a China tem "uma gama de opções" para responder ao americano. "Pequim vinha construindo suas ferramentas (para combater Trump) há algum tempo." Os EUA compram por volta de US$ 400 bilhões (cerca de R$ 2,3 trilhões) em mercadorias chinesas todos os anos.
Pesquisadores da Capital Economics calcularam que as tarifas chinesas atingiriam cerca de US$ 20 bilhões (R$ 115 bilhões) em exportações dos EUA - cerca de 12% do que os americanos vendem para a China a cada ano -, muito menos do que os US$ 450 bilhões (R$ 2,5 trilhões) em importações chinesas taxadas pelos Estados Unidos.
"Entendo que é uma resposta relativamente limitada", disse Bert Hofman, ex-funcionário do Banco Mundial e professor adjunto na Universidade Nacional de Cingapura. "A China provavelmente se prepara para outras ações, pois as medidas de sábado podem ser apenas o primeiro passo da administração Trump."
A China anunciou restrições às exportações de tungstênio, telúrio, molibdênio e outros metais importantes para a indústria de novas tecnologias, citando "segurança e interesses nacionais".
O presidente do Comitê Nacional de Relações Estados Unidos-China, Stephen Orlins, disse que a resposta chinesa foi "medida". "Isso lembra aos americanos que a cadeia de suprimentos não é confiável."
Big tech
A Administração Estatal para Regulamentação de Mercado, autoridade chinesa antitruste, anunciou ontem que vai investigar o Google por suposta violação da lei antimonopólio. O mesmo órgão já tem uma apuração aberta contra a Nvidia, gigante americana fabricante de chips, pelo mesmo motivo, desde dezembro.
Os principais produtos do Google não estão disponíveis na China em razão da censura do país - o que inclui o mecanismo de busca, o YouTube e a Play Store (plataforma de venda de aplicativos).
Segundo o Google, sua principal atividade no país asiático está em ajudar empresas chinesas a se conectarem com clientes de fora do país. Isso inclui fornecer o Android, seu sistema operacional móvel, para fabricantes de telefones chineses como Lenovo e Xiaomi. O código do dispositivo é aberto e, por isso, os fabricantes de telefones podem usá-lo sem custos.
A big tech americana diz que permite que empresas chinesas anunciem no Google e no YouTube fora da China. A Temu, braço internacional da gigante chinesa de comércio eletrônico Pinduoduo, inundou a plataforma com propaganda. A Shein, empresa chinesa de roupas, também anuncia nos serviços do Google fora da China. O Google não comentou ontem a decisão chinesa.
UE: bloco terá 'negociações difíceis'
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou ontem que o bloco precisará fazer "negociações difíceis, mesmo com parceiros de longa data", diante da ameaça de novas tarifas contra o bloco europeu pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Ela ressaltou que, na busca por acordos com outras nações, a UE terá de, em certos momentos, "concordar em discordar".
Em discurso em uma conferência de embaixadores da UE, Ursula disse que o bloco poderá "ter de trabalhar com países que não compartilham da nossa visão de mundo". Segundo ela, "o princípio básico da diplomacia neste novo mundo é manter o foco no objetivo" e aceitar que, ocasionalmente, será preciso ceder em alguns pontos para avançar em outros.
"A Europa protegerá sua segurança econômica e nacional, mas também é fundamental que encontremos o equilíbrio certo", afirmou a presidente da UE. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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