Após protestarem pelo não recebimento dos salários, agora, os trabalhadores que atuam no Centro Oficial de Treinamento (COT) denunciam as péssimas condições de trabalho na obra da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e prometem parar as atividades caso nada seja feito.
A denúncia foi encaminhada pelo Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM) ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) nesta segunda-feira (24), e deverá ser entregue também a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) e à empresa responsável pelas obras, Engeglobal.
De acordo com a denúncia, a empresa não está depositando o FGTS e não encaminha ao sindicato a lista dos trabalhadores que descontam as contribuições, impedindo a entidade de cumprir com o que foi acordado na Convenção Coletiva de Trabalho e ofertar a eles os benefícios destinados aos trabalhadores contribuintes.
Já conforme relatos dos operários, eles sofrem também com horas extras trabalhadas e não contabilizadas. Isso porque, segundo a denúncia, o final do expediente está sendo registrado às 16 horas nos cartões de ponto, mas todos trabalham até às 19 horas.
|
A denúncia aponta ainda que não existem vasos sanitários, chuveiros e armários suficientes para atender aos 190 operários que atuam na construção. A alimentação servida em marmitex também é um problema, pois está em quantidade insuficiente para a maioria deles, além da água servida no local ser de péssima qualidade.
Segundo o presidente do Sindicato, Joaquim Santana, houve uma visita na obra no último dia 10 de fevereiro e todas as reclamações foram constatadas in loco. Mas nem mesmo a falta de mão-de-obra, que chegou a atrasar o andamento da construção, motiva a construtora a cumprir com a legislação trabalhista, conforme Joaquim.
"Está faltando gente para trabalhar e os que estão trabalhando estão sendo tratados com este desrespeito. Este é um dos fatores que está provocando tantos problemas nas obras da Copa: trabalhadores maltratados ficam desmotivados", desabafa.
Segundo ele, a falta de infraestrutura mínima nos canteiros poderá comprometer o andamento da obra, já que a insatisfação é geral. “Não posso dizer que haverá greve nos canteiros. Mas o pessoal está insatisfeito e a empresa não tem feito nada”, aponta.
Após a visita, o sindicato e os trabalhadores tentaram diálogo com a direção da construtora, sem sucesso. No entanto, foi estabelecido um prazo máximo para que a Engeglobal resolvesse a questão sem ter de levar o assunto para a fiscalização do trabalho, contudo, o prazo esgotou-se na última quinta (20) e, mais uma vez, não houve resposta da empresa. “Já esgotou as conversas. Mandamos ofícios, pedimos mudanças e nada. É preciso de providências rápidas”, aponta.
|
Esta não é a primeira vez que os operários contratados pela Engeglobal reclamam de problemas com a empresa. No ultimo dia 11, trabalhadores que atuam nas obras do COT da Barra do Pari e do aeroporto, ambos em Várzea Grande, cruzaram os braços e paralisaram as atividades por causa de descontos nos salários e atraso nos pagamentos.
Na ocasião, inclusive, cinco funcionários foram demitidos pela ação.
OUTRO LADO
A assessoria da Secopa informou que ainda não recebeu o documento e que só irá se pronunciar após plena ciência das denúncias. Já o responsável pela empresa, Robério Garcia, foi procurado pelo HiperNotícias, mas não atendeu ou retornou as ligações.
AS OBRAS
O COT da UFMT começou a ser construído em março do ano passado e deveria ter sido entregue em dezembro passado, mas teve a inauguração remarcada para 27 de abril.
Levantamento apresentado pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) na semana passada, apontou que a quantidade de mão-de-obra no local é insuficiente para que a obra seja concluída a tempo para a Copa.
(Com Informações da Assessoria)
