No ano de 1986, a advogada Eunice Paiva elaborou um parecer jurídico afirmando: “nada impede a demarcação da Área Indígena Zoro”. No documento, ela reforçou que os direitos territoriais indígenas são inegociáveis. A sua atuação foi decisiva para que o território fosse reconhecido e garantido aos Zoró, localizado no noroeste de Mato Grosso, a sua preservação enquanto povo e culturalmente.
Em 1980, o povo indígena Zoró enfrentou uma grave ameaça à sobrevivência com a chegada de fazendeiros, madeireiros e garimpeiros, que trouxeram não apenas a destruição ambiental, mas também doenças como gripe, sarampo e tuberculose. Sem imunidade, os Zoró viveram uma situação desesperadora com as epidemias que quase dizimaram a população e foram em busca de apoio para garantir a demarcação de suas terras.
A luta pelos diretos indígenas já fazia parte da trajetória de Eunice Paiva. Após o desaparecimento de seu marido, o deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar, ela decidiu cursar direito aos 47 anos e passou a atuar contra a expropriação de terras indígenas e a violência sofrida por essas populações.
Em 1983, foi uma das autoras do artigo “Defendam os Pataxós”, que se tornou um marco na luta pelos diretos indígenas no Brasil. Ano depois, em 1987, fundou o Instituto de Antropologia e Meio Ambiente (IAMA), organização que atuou até 2001 promovendo a defesa e autonomia dos povos originários.
A história de Eunice Paiva foi eternizada no filme Ainda estou Aqui, inspirado no livro homônimo do seu filho, o escritor Marcelo Rubens Paiva. O filme fez a história receber três indicações ao Oscar: Melhor Filme Internacional, Melhor Atriz para Fernanda Torres e Melhor Filme, sendo primeiro filme brasileiro a concorrer nesta última categoria. Na premiação, neste domingo (2), Ainda Estou Aqui, ganhou como Melhor Filme Internacional.
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