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Artigos Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2025, 10:28 - A | A

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Sexta-feira, 28 de Fevereiro de 2025, 10h:28 - A | A

JOÃO HENRIQUE

Pix, efeitos e fakes?

De Cortázar a Balzac, passando por Figueiredo, uma reflexão sobre os tempos (sombrios?) que vivemos e aquilo que nos aflige e cabe combater

JOÃO HENRIQUE FARIA

“(...)Mal fica sozinho no banco, o monte de folhas impressas
se transforma outra vez em jornal, até que uma velha o encontra,
o lê e o deixa transformado num monte de folhas impressas.
Depois, leva-o para casa e no caminho aproveita-o
para embrulhar um molho de acelga, que é para o que servem
os jornais depois dessas excitantes metamorfoses.”
Julio Cortázar, “O jornal e suas metamorfoses”,
em “Histórias de cronópios e de famas”

Buscar um contraponto ao senso comum que impera, hoje, nas relações entre a informação governamental e as informações que nos chegam na mídia brasileira. Este é o objetivo primeiro deste artigo. Provocador, sim, pois se não fosse de que valeria escrevê-lo?

Há muito, o conceito de verdade é discutido e pouco se fez no sentido de torná-lo viável, em especial no jornalismo. O “Caso Pix” que o diga. Verossimilhança é o que mais se aproxima de algo aceitável, ou seja, aquilo que tem elementos que poderiam se aproximar do que se quer como “verdade” (não é quase um conceito de fake news?).

A chamada via de mão dupla da informação jornalística nada mais é que um reducionismo, pois carrega a narrativa falsa da “imparcialidade”. Mais um termo abusivo, uma vez que nada do que fazemos está livre de certa subjetividade, portanto, parcialidade. Da escolha das fontes à ordem de importância das informações.

Portando, pluralidade deveria ser a busca, em todas as formas de mídia jornalística, on e off, para deixar claro que trata-se aqui de todas as formas de divulgações midiáticas. Enquanto isso, no marketing político, claro, quando o assunto é uma disputa de narrativas, naquele momento quem o exerce, o faz em defesa de um lado.

“Ninguém come PIB”
O pano de fundo da discussão que lanço são as pautas econômicas, de natureza política, que buscam medir o desempenho do governo Lula, chamado de Lula 3. A frase “Ninguém come PIB” é exemplar para aquilo que pretendo discutir aqui.

Outra fonte inesgotável para os meus argumentos são os constantes “mas”, em especial nos jornalões, como o “Estadão”, logo após um dado positivo nas manchetes sobre o atual governo. Ou seja, não há notícia boa se não for acompanhada de uma notícia ou de uma especulação futura ruim. Estão aí as narrativas.

Deixo claro que não sou economista. Sou jornalista e consultor em marketing político. As duas profissões - ou uma profissão e uma atividade, o que representa mais um problema para o exercício - andam comigo desde a segunda metade dos anos 1980. Então, evidente, tudo que escrevo aqui são as minhas impressões. O momento atual, o que vejo cotidianamente nas diversas mídias, passa a impressão clara de um coro coordenado.

Em um dado momento, é o governo quem perdeu as rédeas. Em outro, é a inflação que “estourou”, vejam bem, ela não ultrapassou, ela “estourou” a meta. Somados aos exageros de narrativas, os editoriais clamam por juros mais baixos. No entanto, as manchetes insistem que o Banco Central não tem alternativa para conter a inflação, que não seja aumentar ainda mais os juros.
Defendem (mas não informam isso) que o país e, em especial, o brasileiro endividado, devem pagar o preço.

Já estou ouvindo o rager de dentes

“Para o jornalista, tudo o que é provável é verdadeiro.”
Honoré de Balzac, em “Os Jornalistas”

Sigamos de Pix. O que Balzac viu na imprensa francesa da primeira metade do século XIX, reflete-se hoje na cobertura da mídia brasileira e até mesmo nas pesquisas de opinião divulgadas. O que importa não é se a realidade – outra palavra complexa – está sendo exposta. O que vale são as narrativas que gerem engajamento. E não importa se este engajamento vem de um vídeo com informações (narrativas) fake. O que importa é se o governo teve ou não capacidade para responder à altura.

A mesma lógica dos velhos tempos da preponderância dos jornalões – e mesmo depois com o domínio das tvs abertas -, que rezava “notícia boa não vende, o que vende é notícia ruim”, vale hoje, nos tempos das redes sociais ou qualquer outro meio de alcance por internet. E as big techs seguem seu duelo para garantir o vale tudo, sem checagem ou com checagem branda. Daria outro artigo.

Procurando um “vilão”
Para além do Pix, e considerando que o “vilão” da inflação não são as narrativas – propositalmente apressadas e em boa parte falsas - e o poder político-econômico de certos grupos e seus interesses, assimilados e distribuídos massivamente pela mídia, e sim a alta dos alimentos, surgiu e tão logo surgiu virou pergunta em pesquisa de opinião nacional, uma suposta proposta do governo Lula de mudar a regra de prazo de validade dos alimentos.

Matéria divulgada em 24/01/2025 pela CNN, uma entrevista concedida por João Galassi, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), já mostrava que quem estava propondo tal medida – que a data de validade dos alimentos fosse apenas uma “recomendação” – era a Abras e não o governo.

Outra questão bastante interessante é a medição de notícias negativas e positivas sobre o governo. Mas, novamente, isso daria um outro artigo. 

Um “salve!” aos “especialistas”

“O Brasil deve ser um dos poucos países do globo,
se não for o único, em que os especialistas se multiplicam
à medida que as necessidades vão aparecendo.
De um dia para o outro, eles surgem aos borbotões.”
Rubens Figueiredo, ao apresentar o livro
“Marketing Pós-Eleitoral”, de Carlos Augusto Manhanelli

Para completar o arsenal de sandices espalhado pela nossa mídia, dois personagens, ambos “especialistas”, surgem como obreiros do caos. De um lado, o “especialista da casa”, ou seja, o jornalista que se destaca em determinada área e que, de repente, não mais que de repente, vira entendedor de tudo, um mega intelectual, com multiformação nas redações da vida. De outro, o “especialista externo”, geralmente aquele que está ali para a confirmação das teses do veículo, mesmo que às vezes haja surpresas e estas, naturalmente, são tratadas com espanto e a entrevista reduzida drasticamente, porque surgiu “algo urgente” para ser reportado.

Os programas televisivos, de forma muito especial, cumprem este papel. E mais. Para não ficar no “mero jornalismo”, colocam na mesma arena colegas de trabalho com pensamentos antagônicos. Mas ambos amestrados no espetáculo. De um lado, o compromisso com o bom mocismo e um comportamento “adequado” para o canal. De outro, aquele que traz as loucuras, teorias da conspiração e argumentos tirados sabe-se lá de qual enciclopédia de “saberes” - ou horrores -, que cria o caos proposital.

Em meio a isso, visando o sucesso nas redes sociais, estes mesmos jornalistas, mesmo aqueles que se considerávamos “sérios”, buscam espetacularizar com gracinhas sem fim, aquilo que deveria ser debatido de forma séria. Ganham milhares de seguidores e vão pelo caminho de um espetáculo com algum senso crítico, mas que acaba chegando como mais uma “narrativa engraçadinha”.

Ah! E os profissionais do Marketing Político? Onde ficam nisso?

Bom, acredito que por hoje já arrumei encrenca demais. Vamos deixar para um próximo artigo, caso contrário vão dizer que estou mal humorado. Axé!

(*)  JOÃO HENRIQUE FARIA é Jornalista, estrategista político com experiência em mais de 100 campanhas para o Executivo e Legislativo, professor da pós-graduação em Comunicação Pública e Governamental da PUC-Minas, proprietário desde 2003 da Fator Inteligência e Marketing. Presidente do Conselho de Fundadores da Associação Alcateia Política. Membro do Clube Associativo dos Profissionais de Martketing Político (CAMP).

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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