Já faz um tempo que me pergunto incessantemente o que é realmente necessário para “viver”. Viver não no sentido literal da palavra, mas para levar uma vida razoavelmente tranquila. O questionamento que nunca dorme aqui na “cachola” passou a existir a partir do momento que vi escorrendo entre os dedos oportunidades de experiências bastante interessantes pelo comprometimento excessivo com o trabalho. Trabalho que suga, exaure, não reconhece e por vezes desmerece o esforço despendido. A função não é de todo ingrata, mas o meio em que se é obrigado a trabalhar sim. E por vezes aquilo que é pedido e exigido vai contra tudo o que acredito ser correto.
Você deve estar se perguntando neste momento o que me prende a essa função, já que o desânimo é evidente. E eu lhe respondo: a remuneração recebida. Ou seria este apenas um pretexto para esconder o real motivo da minha falta de iniciativa para promover mudanças e romper paradigmas? Sabe quando se chega naquela fase da vida em que assuntos mal resolvidos não podem mais ser arrastados ou colocados embaixo do tapete? E o incômodo com aquela pendência é tão grande que fica insuportável continuar na mesma linha de atuação? Cheguei a este ponto.
No entanto, culminou com isso mudança significativa no meu caminhar. Já não ando mais só. Tenho comigo um dependente. Se o medo de sair do trilho era grande, tudo ganha uma dimensão ainda maior quando outra vida está ligada à sua. Mas daí volto a me questionar: o que é realmente necessário para viver?
Muito dos medos incutidos em nossas cabeças é oriundo da sociedade consumista na qual estamos inseridos. Ter é mais relevante do que ser, estar, sentir, amar, ser solidário. Por que em nome de uma remuneração considerável deixo de viver fatos importantes para a minha evolução enquanto pessoa/espírito? Não é sem razão que aos poucos vem sendo revelado que a nossa existência é repleta de armadilhas. Contudo, só consegue identificá-las aqueles que estão com os olhos bem abertos.
No cenário atual, no qual pelo menos 14 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil, certamente haverá algum leitor que dirá: ‘essa mulher está maluca! Com emprego garantido, bom salário, se questiona o que realmente é necessário para se viver? Não está interessada, abra a vaga para outro’. Por vezes eu também penso assim. E procuro a forcinha que falta para dar o salto que espero em busca daquilo que acredito. Qual a razão de se viver escravo do dinheiro? Certa vez li uma frase que me deixou bastante intrigada: ‘O homem não deve ser escravo do dinheiro, mas o dinheiro deve ser escravo do homem’ e ela faz todo sentido.
Quero em breve compartilhar com você um texto no qual falo sobre a minha mudança de vida. Por uma existência na qual o ser seja mais valorizado que o ter!
Petu Albuquerque é uma mulher balzaquiana, observadora da vida, aspirante à psicoterapeuta reencarnacionista e que tem fé na mudança.