Em sessão morna e de liquidez reduzida, com as bolsas em Nova York fechadas em razão de feriado nos EUA, o dólar apresentou leve alta em relação ao real, alinhado ao comportamento da moeda americana no exterior. Operadores afirmam que o pregão foi marcado por ajustes técnicos e realização de lucros, após o rali recente da divisa brasileira.
No início dos negócios, o dólar chegou a esboçar um avanço mais forte, ultrapassando os R$ 5,72 para registrar máxima a R$ 5,7222. A moeda americana desacelerou os ganhos em relação ao real ainda pela manhã, à medida que o Ibovespa subia e os juros futuros recuavam, sob o impacto do chamado "trade eleitoral".
Com mínima a R$ 5,6959, o dólar à vista fechou a R$ 5,7125, em alta de 0,29%. Após ter recuado 5,56% em janeiro, a moeda já apresenta baixa de 2,13% em fevereiro, o que leva a uma desvalorização de 7,57% em 2025. O real tem o segundo melhor desempenho no ano entre as principais moedas, atrás apenas do rublo russo.
O chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos, Alexandre Viotto, afirma que o feriado nos EUA comprometeu a liquidez e deixou a formação da taxa de câmbio mais sujeita a operações pontuais. Com os investidores, em especial os estrangeiros, retraídos, houve um ajuste técnico no mercado de câmbio local.
"O movimento hoje é muito baixo. Amanhã será o dia mais adequado para ver se esse 'trade eleitoral' vai continuar tendo efeito no câmbio, como parece ter acontecido na sexta-feira", afirma Viotto, que vê potencial para dólar se firmar abaixo de R$ 5,70 no curto prazo, com entrada de investidores estrangeiros em especial para renda fixa. "É aquela coisa de chegar primeiro para aproveitar a oportunidade, porque o Brasil ainda está barato".
A leitura predominante de analistas ouvidos pelo Broadcast é que a perda de popularidade de Lula abre espaço para o crescimento de um candidato da oposição, mais à direita do espectro político e, em tese, mais comprometido com políticas de austeridade fiscal - o que se traduziria em redução dos prêmios de risco.
Pesquisa do Datafolha mostrou na sexta-feira que a aprovação de Lula caiu de 35% em dezembro de 2024 para 24%. Já a desaprovação saltou de 34% para 41%. Trata-se dos piores índices entre os três mandatos do petista pelo histórico do Datafolha.
Circularam informações hoje de que Lula ainda não definiu se concorrerá à reeleição em 2026. O presidente teria expressado a auxiliares o desejo de evitar uma candidatura em condições físicas debilitadas, mencionando o exemplo do ex-presidente americano Joe Biden. De outro lado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, teria sinalizado que pode concorrer à presidência caso receba o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para o time de estrategistas de ações do JP Morgan para a América Latina e Brasil, as pesquisas recentes mostrando queda de popularidade de Lula levaram os investidores que não têm posições em Brasil (ou alocações modestas) a experimentar o chamado "medo de ficar de fora" (Fomo, na sigla em inglês).
"O Brasil é um dos mercados de melhor desempenho, tanto no lado das ações quanto no câmbio, levando os investidores a perseguir o 'momentum'", afirma o time do JP Morgan. "Quando os preços estavam mais baixos do que agora, não havia compradores, mas, à medida que os preços subiam, mais pessoas se interessavam. E isso vem junto com notícias no cenário político, um dos pouquíssimos gatilhos locais".
Em relatório, o Itaú afirma que a queda do dólar do pico de R$ 6,30 em dezembro para nível próximo a R$ 5,70 se deve, em parte, à melhora do ambiente externo, com um início de governo Donald Trump "mais ameno". O principal indutor da apreciação do real, contudo, foi o aumento do diferencial de juros interno e externo.
"Apesar de algum alívio no curto prazo, os fundamentos ainda apontam para uma taxa de câmbio depreciada, principalmente diante do risco fiscal que deve seguir em patamar elevado", afirma o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, que mantém projeção de dólar em R$ 5,90 no fim deste ano e de 2026. "O dólar deve seguir se fortalecendo globalmente, sendo apenas parcialmente atenuado pelo aumento do diferencial de juros".
(Com Agência Estado)
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