Os quadros foram responsáveis, respectivamente, por cerca de 80 mil e 50 mil mortes em 2020, revelando que muitas mulheres ainda não têm acesso a tratamentos eficazes durante e após o período da gestação. "Entender por que mulheres grávidas e mães estão morrendo é essencial para combater a crise persistente da mortalidade materna no mundo", argumenta Pascale Allotey, diretora do Departamento de Saúde Sexual e Reprodutiva da OMS.
"Isso também é uma questão global de equidade - todas as mulheres precisam de cuidados de saúde de alta qualidade, baseados em evidências, antes, durante e após o parto, além de ações para prevenir e tratar doenças subjacentes que colocam sua saúde em risco", diz ela. Estima-se que 287 mil mortes maternas tenham ocorrido em 2020, último ano com estimativas publicadas. O número equivale a uma ocorrência a cada dois minutos.
O novo estudo mostra que a hemorragia foi responsável por 27% dessas mortes, enquanto a pré-eclâmpsia e outros distúrbios hipertensivos contribuíram com 16%.
A pré-eclâmpsia é condição grave caracterizada por pressão arterial elevada e pode levar a acidente vascular cerebral, hemorragia, convulsões e falência de órgãos caso não seja tratada de forma adequada. A causa do quadro ainda não é completamente compreendida, mas os pesquisadores sabem que há relação com alterações na formação dos vasos sanguíneos da placenta. Eles ficam mais estreitos, reduzindo o fluxo sanguíneo e aumentando a pressão arterial.
Geralmente, a pré-eclâmpsia se instala a partir da 20.ª semana de gestação e ocorre especialmente no 3.° trimestre. A pressão superior a 140 mmHg por 90 mmHg (14 por 9) é o principal indicador, mas não o único. Um aumento de 25% nos níveis de pressão pré-gravidez também é considerado um sinal.
Outras causas de morte
O estudo, primeira atualização global da OMS sobre o tema desde 2015, cita outros quadros frequentes nas estatísticas de óbito. São eles: sepse e infecções; embolia pulmonar; complicações de abortos espontâneos e induzidos - incluindo gravidez ectópica e abortos inseguros; e complicações anestésicas ou lesões ocorridas durante o parto.
O levantamento mostra ainda que outras condições de saúde, incluindo HIV/aids, malária, anemia e diabete, são responsáveis por quase 23% das mortes relacionadas ao período gestacional. Essas doenças, muitas vezes, só são tratadas quando surgem complicações graves, o que aumenta os riscos. O estudo foi feito a partir de dados nacionais enviados à OMS, além de pesquisas revisadas por pares. Algumas informações, no entanto, são limitadas. É o caso, por exemplo, de suicídio materno - só 12 países fazem o registro.
A maioria dos países, além disso, não informa sobre mortes maternas tardias (aquelas que ocorrem até um ano após o parto). Muitas mulheres também enfrentam dificuldades para acessar cuidados de acompanhamento, incluindo apoio à saúde mental.
De acordo com a pesquisa, a maioria das mortes maternas ocorre durante ou logo após o parto. Cerca de um terço das mulheres - principalmente em países de baixa renda - nem sequer passa por atendimento médico nos primeiros dias após o nascimento.
Por isso, as autoras reforçam a necessidade de fortalecer o acesso a serviços de atendimento materno que identifiquem riscos de forma precoce e previnam complicações.
"Muitas vezes, não é apenas um, mas vários fatores interligados que levam à morte", diz Jenny Cresswell, também autora do estudo. Com o objetivo de evitar as mortes, a OMS lançou um plano global para combater a hemorragia pós-parto em 2024. Em 2025, o Dia Mundial da Saúde terá como foco a saúde materna e neonatal.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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