A colisão do carro de luxo com a traseira de um Renault Sandero causou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos. Nesta semana, a Polícia Civil concluiu o inquérito que investiga o acidente e pediu a prisão preventiva de Andrade Filho - antes, outros dois pedidos de prisão foram negados pela Justiça. Procurada, a defesa do empresário não se manifestou.
Nas imagens das câmera corporal da farda de um dos agentes, obtidas pelo Estadão, é possível ver o momento que policiais se aproximam de Andrade Filho, que já estava em companhia da mãe, para indagá-lo sobre o acidente. "Onde ele vai?", diz uma agente.
Ao ser questionado sobre o acidente, Andrade Filho afirma não se lembrar bem do que houve. "A gente estava saindo da festa, a gente ia para a minha casa jogar sinuca. E do nada aconteceu um acidente horrível", disse. "Não me lembro mais de nada."
O acidente envolvendo a Porsche em alta velocidade, além da morte de Viana, resultou na internação do estudante Marcus Vinicius Rocha, de 22 anos, que chegou a passar por procedimento cirúrgico para retirar o baço. Ele estava dentro do carro com Andrade Filho no momento do acidente.
Enquanto os policiais militares conversam com o motorista para entender melhor as circunstâncias da batida, a mãe do empresário insiste em levá-lo para o hospital. "Pelo amor de Deus, deixa eu levar ele (sic) para fazer tomografia, moça", disse. "Se ele tiver batido a cabeça, cada minuto conta."
Após insistência, os policiais liberam Andrade Filho. "Pode ir", disse uma das agentes. A mãe, então, disse que iria levá-lo para o Hospital São Luiz. Mas, no registro da ocorrência, policiais que atenderam o caso afirmaram que, quando foram até lá procurá-los, não encontraram nenhum dos dois.
O acidente foi registrado na madrugada do domingo de Páscoa, mas Andrade Filho se apresentou no 30º Distrito Policial (Tatuapé), que investiga o caso, quase 40 horas após a ocorrência, em 1° de abril - mesmo dia em que Viana foi enterrado em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Na ocasião, a defesa de Andrade Filho negou que o cliente tenha fugido do local do acidente e afirmou que ele apenas se "resguardou de linchamento".
Segundo sindicância da Polícia Militar, os agentes que atenderam a ocorrência erraram ao não fazer o teste do bafômetro em Andrade Filho após o acidente. "Testemunhas dizem que ele apresentava voz pastosa, andar cambaleante", disse, no último dia 6, o delegado Carlos Henrique Ruiz, da 5ª Delegacia Seccional (Leste).
O empresário tinha acabado de sair de uma festa "open bar" (com bebida liberada) quando se envolveu no acidente. Ele foi indiciado por homicídio (com dolo eventual), lesão corporal - por conta dos ferimentos causados ao amigo que estava com ele no carro - e fuga do local de acidente.
Com a conclusão do inquérito, cabe ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) decidir se irá denunciar Andrade Filho pelos três crimes, além de poder concordar ou não com o novo pedido de prisão. Recentemente, o órgão solicitou perícia scanner em 3D para elucidar o acidente em detalhes.
O Porsche 911 Carrera GTS conduzido por Andrade Filho estava a 156 km/h pouco antes do acidente que matou Viana, segundo laudo da Polícia Técnico-Científica. A velocidade representa mais do que o triplo do que os 50 km/h permitidos para a Avenida Salim Farah Maluf, via onde o acidente aconteceu.
(Com Agência Estado)
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