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Os economistas costumam dizer que as melhores oportunidades podem ser observadas nos piores momentos de uma crise econômica. Bom, talvez seja hora de ficarmos todos ricos, pois estamos vivendo uma bem grande.
Já em tempos de escândalos e notícias sobre desvios e fraudes com dinheiro público, os estrategistas apontam sobre a necessidade de o cidadão comum quebrar a paralisia, derrubar a sensação de impotência e sair das trincheiras do próprio silêncio. Mas é quando as duas situações se confrontam que o homem grandioso, deixa de lado as intempéries e se revela.
Aliás, sob a tutela deste quadro – crise econômica, escândalos políticos, operações de combate a desvios e corrupção - que quase sempre surgem algumas boas surpresas, principalmente quando entra em cena a solidariedade, unindo pessoas do bem na luta por causa. Solícitos, estes homens e mulheres aprenderam para além das realidades tristes, a reter lágrimas, aliviar dores e fazer de pequenos instantes, um berço de aconchego para os outros. Acredito que foi bem assim que surgiu o grupo SOS Ítala. Construído, obviamente, dentro de uma tempestade de ideias, pois o grupo tem intelectuais de primeira grandeza.
A ideia veio após um incêndio em um dos mais tradicionais bares de Cuiabá, o Bar da Ítala, espaço conhecido de políticos, médicos, advogados, artistas e jornalistas, tendo a proprietária Ítala Griggi, de 70 anos, chegado a sofrer queimaduras, pois mora no fundo do estabelecimento.
A mobilização para lá de inusitada foi antes um chamado de ‘socorro’. E o pedido foi prontamente atendido pelos freqüentadores mais antigos da Ítala, os famosos habitués - como preferem ser chamados. E os outros que vieram depois aderiram à causa, por sabê-la justa. Assim, o grupo hoje tem de longe mais de 100 pessoas no whastApp. Portanto, é quase impossível enumerá-los. Mas estão contidos no grupo cuiabanos do ‘pé rachado’ e ‘paus rodados’. Tudo junto e misturado. Eles são advogados, empresários, artistas, jornalistas, secretários municipais, vereadores, deputados estaduais e federais.
Convictos em ajudar a proprietária, pessoa humilde e amável, no dia 12 de setembro, estes moços e moças fizeram a reinauguração do bar, claro, após algumas reformas realizadas no ‘puxadinho da Ítala’, e dentro do boteco mais querido da cuiabania.
Mas o processo de reforma está longe do desejado para muitos que têm lembranças grandiosas da rua, dos clientes famosos que chegavam ao bar bem no final da tarde, para sentar em um cantinho do boteco que ainda guarda aquela imagem gostosa ‘do espaço simples, mas com uma comida deliciosa’. Ali colocavam o papo em dia.
A ‘grande reforma’ será feita com os fundos arrecadados com os produtos já à venda, criados pelo genial artista plástico Adir Sodré (camisetas, canecas e aventais) e com as vendas das mesas para o evento. Um sarau que será realizado no próximo sábado, dia 24, no próprio bar, das 12h às 19h. Com shows regionais, performances artísticas e comidas típicas, entre arroz com galinha, arroz com costelinha e bolinho de carne seca.
Mas o interessante em todo este processo, sob o diálogo da grandeza humana é saber que as pessoas ainda não desistiram de levantar bandeiras. Que assumem como parte de suas vidas uma causa, pois acreditam que ajudar está muito além de ‘dar uma forcinha’, antes ajudam pela certeza que o ser humano se agiganta quando tem convicção que pode mudar uma realidade em favor de uma ou mais pessoas. E o mais bacana é descobrir que a solidariedade possui um grande apelo e um belo poder de argumentação. Só por ela tudo basta, e todas as outras incertezas, bom, elas, aqui com certeza ficaram para trás!
*MARISA BATALHA é jornalista, mestra pela UFMT em Educação, Política e Movimentos Sociais e Diretora de Redação da Folha do Estado
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