"Tentei esquecer as fotos fáceis para tentar trazer algo do interior", explicou o autor, que prestigiava o senso de imediatismo e a ênfase no ponto de vista do fotógrafo. Quem assinou o prefácio do fotolivro foi Jack Kerouac, autor On the Road. A obra, deprimente e subversiva, revela o lado sombrio do 'sonho americano' - pobreza, segregação, desigualdades e solidão, e foi bem-recebida na época.
Nascido em 9 de novembro de 1924 em Zurique, na Suíça, em uma família de industriais judeus alemães, Robert Frank se apaixonou pela fotografia muito jovem, trabalhando em laboratórios lá e na Basileia a partir de 1940. Em 1947, partiu para os Estados Unidos, onde passou a trabalhar como fotógrafo de moda e repórter em revistas como Fortune, Life ou Harpers Bazaar. Rapidamente, percebeu que aquele mundo não era para ele.
Então ele viaja, primeiro pela América Latina e depois pela Europa, principalmente França, que ele adora. Em 1953, retorna para Nova York. Recusando pedidos de revistas, obtém uma bolsa da Fundação Guggenheim, que lhe deu a liberdade de fazer seu trabalho como quisesse. Assim começa a aventura de retratar os americanos, que o tornaria célebre.
Em 1961, ele apresenta sua primeira grande exposição em Chicago, seguida por muitas outras - Frank sempre trabalhou na seguinte ordem: fotografia, livro e só então a exposição.
Para o editor Gerhard Steidl, que em entrevista ao o jornal O Estado de S. Paulo em 2017 disse que Frank ainda fotografava todos os dias, o fotógrafo sempre se interessou pela relação entre as pessoas vivendo em certos países. "Ele sempre teve o instinto de descobrir onde se posicionar numa multidão e olhar, através de sua câmera, para a alma das pessoas, de um país, de uma nação." E o que ele fez em Os Americanos foi algo totalmente novo para a época - para além do que ele retratava. "O layout do livro, a sequência sem nenhum texto, sem uma explicação, foi, para a época, muito revolucionário já que o fotolivro, em 1959, era, normalmente, um longo texto com algumas fotografias ilustrativas."
Mas, com medo de se repetir, Frank troca a fotografia pelo cinema. Seu primeiro filme foi Pull My Daisy (1959). Os anos 70 foram conturbados: ele se separa, perde uma filha em acidente de avião e vê o filho mergulhar em uma doença mental (ele se suicidou no início dos anos 1990). No entanto, continua com suas experimentações formais em torno da imagem. Dirige ainda 20 filmes e volta mais ou menos à fotografia por meio da edição de instantâneos, trabalhando em negativos, ou polaroides. (COM AP)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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