Após serem acusados de plágio, administradores do Laboratório Forense Lab, emitiram por conta própria um terceiro laudo pericial complementar sobre a velocidade do carro Jeep Compass, dirigido pele dermatologista Letícia Bortolini, de 37 anos, quando atropelou e matou o verdureiro Francisco Lúcio Maia, 48 anos. O novo documento, divulgado nesta sexta-feira (15), apontou que o carro seguia a 118,66 Km/h, no momento do acidente.
A polêmica começou após a Perícia Oficial de Identificação Técnica (Politec) emitir um laudo declarando que a velocidade de danos do veículo dirigido pela dermatologista era de 30 km/h. Diante disso, o delegado da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (Deletran), solicitou que o laboratório realizasse outro exame, que constatou uma velocidade de 95 km/h. Valor três vezes maior do levantado pelos peritos.
No entanto, na tarde de segunda-feira (11), o Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais de Mato Grosso (Sindpeco) convocou uma coletiva de imprensa com os jornalistas, onde acusou o delegado de ter agido ilegalmente ao pedir laudo a laboratório particular, antes que a Politec concluísse o relatório. Além disso, acusou o laboratório de ter plagiado um outro laudo feito pela própria Politec de um atropelamento na cidade de Poxoréu (240 km de Cuiabá), ocorrido em 2014.
Devido a acusação, por conta própria, a empresa realizou um laudo de medição “in loco” para apresentar valores mais exatos, já que o exame anterior foi realizado utilizando somente o vídeo.
De acordo com o relatório, provas materiais apontam que o veículo da acusada estava acima do limite de velocidade permitido na via, que é de 60 km/h. O laudo que possui 13 páginas confirma que houve dissipação de energia na batida com a vítima. Diante disso, o laboratório apontou que a médica estava em alta velocidade.
“Este laudo pautou-se em apenas provas materiais, sendo que o veículo estava com velocidade superior ao permitido para a via ora estudada, calculada aproximadamente118,66 km/h”, diz parte da conclusão do laudo ao qual o HiperNotícias teve acesso.
Politec realiza estudo
Na madrugada desta sexta-feira (15), a Politec realizou uma perícia na Avenida Miguel Sutil em Cuiabá, para calcular a velocidade do Jeep Compass. Os trabalhos duraram cerca de três horas e englobaram perícia de áudio e vídeo com uma nova metodologia para cálculo de velocidade. Os peritos chegaram ao local por volta de 1h e finalizaram as apurações já por volta das 4h. Ainda de acordo com a Politec, os trabalhos foram realizados na madrugada, pois havia necessidade de bloquear as vias da avenida.
O caso
Letícia foi presa ainda na noite de sábado (14), em uma residência no bairro Jardim Itália, em Cuiabá. No domingo (15), a juíza Renata do Carmo Evaristo Parreira, da 9ª Vara Criminal, converteu a prisão temporária em preventiva durante audiência de custódia. Na ocasião, a magistrada afirmou que a médica tinha "personalidade criminosa", pois atropelou e matou o comerciante, fugiu do local do acidente e não acionou socorro. A juíza também ponderou que a acusada, sendo médica, tinha o poder e o dever de prestar socorro à vítima, mas não o fez.
Na terça-feira (17), o desembargador Orlando Perri acolheu o pedido da defesa de Letícia feito sob o argumento de que ela tem um filho com um ano de idade e que precisa de cuidados, é responsável pelo sustento da criança, além de que não tem antecedentes criminais.
Como condição para que Letícia deixe a prisão, o desembargador impôs algumas medidas cautelares, entre elas comparecimento mensal ao juízo, não frequentar bares e clubes, recolhimento noturno, não pode consumir bebidas alcoólicas e entorpecentes, não pode se envolver em outros delitos. Caso Letícia infrinja alguma das medidas, ela pode ser recolhida para o regime fechado novamente.
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