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Quinta-feira, 14 de Junho de 2018, 11h:04

"Precisa chorar no velório para ver que merecia segurança?", questiona Selma

MICHELY FIGUEIREDO

"Não é possível que vai esperar que alguém atire no meu carro ou faça um atentado concreto para depois as pessoas concluírem que eu corro risco. Isso não é nem justo. A gente precisa chorar em um velório da pessoa para depois reconhecer que essa pessoa merecia ter segurança? Não é assim que funciona", declarou a magistrada aposentada, Selma Rosane Santos Arruda, em entrevista concedida à Rádio Capital FM, em virtude da polêmica gerada com a escolta garantida pelo Governo do Estado a ela, depois que a Comissão de Segurança do Tribunal de Justiça decidiu por suspender a proteção a Selma por considerar ter havido "quebra de protocolo".

 

Alan Cosme/HiperNoticias

selma arruda

 Juíza teve escolta garantida pelo governador

A notícia da garantia de escolta, a ser feita pela Casa Militar, a pedido do governador Pedro Taques (PSDB), repercutiu negativamente nesta quarta-feira (13), com declarações dos deputados de oposição, considerando a atitude um "conluio político", uma vez que Selma é pré-candidata ao Senado e esteve reunida recentemente com Taques discutindo política.


"Daqui a uns dias até dormindo devo dar assunto para algum tipo de polêmica, holofote negativo contra minha pré-candidatura", ressaltou a magistrada aposentada.


"Não consigo ver interesse político. O governador não aventou nenhuma hipótese. A decisão dele não foi vinculada a interesse político. Foi uma decisão técnica. Ele é um profundo conhecedor de leis, dos direitos, e resolveu tecnicamente conceder a escolta. Oposição sempre vai haver. As pessoas usam isso com viés político e não tem viés político nenhum".


O presidente da OAB-MT, Leonardo Campos, também questionou a moralidade da ação. Para Selma, a explanação do representante dos advogados se deu por não ter "conhecimento profundo do caso".


"As pessoas gostam muito de se manifestar sem conhecimento profundo daquilo que estão se manifestando, não sei se é por conta da empolgação do momento, da mídia, mas é típico do brasileiro dar opiniões sem profundidade. Assim que for disponibilizado a eles o caso, tomara que mudem de ideia".


Usando o princípio da moralidade, citado pelo presidente da OAB, Selma disse que é imprescindível que se garanta ao juiz segurança para que ele continue fazendo o que tem que ser feito. "A não concessão de amparo por parte do estado acovarda as pessoas. Não pode imaginar que vai enfrentar organizações perigosas e quando precisar o Estado vai lhe virar as costas", argumentou.


Selma descartou que a concessão de escolta a ela possa prejudicar a prestação de serviço de segurança pública à população. De dois a quatro policiais devem ser cedidos para garantir a sua integridade, conforme informou. "Esses policiais já estão à disposição da Casa Militar e sob o aspecto do gasto público, são mais baratos ao erário do que os PMs que fazem via TJ, porque o Tribunal paga adicional aos policiais lotados lá, o que o Executivo não faz. Não vejo ilegalidade nisso".