HiperNotícias - Você bem informado

Segunda-feira, 07 de Outubro de 2019, 17h:33

Riva envolve Dante e revela pressão de Arcanjo e Bosaipo em desvios milionários da AL

ANA ADÉLIA JÁCOMO

Alan Cosme/HiperNoticias

jose riva

Suposta colaboração premiada de Riva teria dado detalhes de esquema

Um documento de 105 páginas traz informações detalhadas de transações fraudulentas realizadas na Assembleia Legislativa, durante os 20 anos em que o ex-deputado estadual José Riva atuou como presidente. 

O HNT/HiperNotícias teve acesso ao documento sigiloso, que seria uma suposta colaboração premiada de Riva, assinada em 27 de março de 2019. A reportagem não confirma, por hora, a veracidade do documento.

Entre os relatos, Riva afirma que desde quando assumiu seu primeiro mandato como deputado (1995 a 1999), foi informado que havia uma vultuosa dívida, na ordem de R$ 25 milhões, junto a diversas factorings, onde a maior parte, 70%, era pertencente ao ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.

Segundo ele, as transações funcionavam como verdadeiras instituições financeiras operando empréstimos milionários fraudulentos. Ele relata que no primeiro mandato se candidatou para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, e que informou que suspenderia todos os pagamentos às factorings. No entanto, foi chamado para uma reunião na casa de Arcanjo, no bairro Boa Esperança.

Nesse encontro, teria sido solicitado que Riva renunciasse à Mesa, a fim de que os pagamentos fossem feitos. Segundo ele, Arcanjo afirmou à época que, com a renúncia, quem pagaria a dívida era o então governador Dante de Oliveira. Participaram desse encontro Humberto Bosaipo, Roberto Nunes, Rene Barbour e Gilmar Fabris, além de Nilson Roberto e Luiz Dondo.

Na colaboração premiada, Riva afirma que foi reeleito deputado estadual de 1999 a 2003, sendo reeleito como presidente da Assembleia. “Foi justamente nesse período que surgiram as empresas constituídas em nome de interpostas pessoas e até mesmo de indivíduos já falecidos que deram suporte aos pagamentos efetuados ao Sr. João Arcanjo Ribeiro e outros credores, além de servir para fazer novos empréstimos, o que deu origem à Operação Arca de Noé”, diz trecho do documento.

MODUS OPERANDI

Para sustentar o esquema, desmantelado na Operação Arca de Noé, foram criadas inúmeras empresas por pessoas ligadas a Humberto Bosaipo. A colaboração cita a participação de diversas pessoas, como o Joel e José Quirino, Luis Dondo.

“Todos atuando por determinação de João Arcanjo, Nilson Roberto Teixeira, Nivaldo de Araújo, Guilherme Garcia e Luiz Eugenio de Godoy. O grupo levava os cheques já preenchidos para José Riva apenas assinar.

Naquela época, Humberto Bosaipo teria dito o seguinte: “Presidente, encontrei uma forma de liquidar as contas com o Arcanjo e outras factorings, sendo que eles mesmos ficarão responsáveis em constituir empresas que, além de dar suporte para esses pagamentos, ainda fornecerão uma quantidade mínima de materiais para a ALMT”.

Nesse sentido, a fim de viabilizar a fraude, Riva realizou, em conjunto com Humberto Bosaipo, uma reunião com o então governador Dante de Oliveira, para assegurar, além do orçamento necessário ao funcionamento da Casa, recursos para pagamento das dívidas contraídas junto ao João Arcanjo Ribeiro e outras empresas de factorings.

Riva afirma que o interesse de Dante em manter Humberto Bosaipo como aliado político, o fez firmar o compromisso em repassar os valores pleiteados pela Mesa Diretora da ALMT, o que foi de fato viabilizado pela equipe econômica do governo estadual, sob a condição do Bosaipo concordar com os principais projetos do governo.

Diversos trechos da delação foram suprimidos com “X’’ no lugar dos valores e dos nomes revelados por Riva. A reportagem optou por divulgar apenas os trechos que contém nos nomes e valores corretos do suposto esquema.