Segundo o economista-chefe do Integral Group, Daniel Miraglia, os investidores estão gradualmente dando mais peso ao cenário fiscal na precificação dos ativos diante de iniciativas recentes do governo para recuperar popularidade que ou se apoiam em mais gastos públicos ou têm potencial para aumentar a pressão inflacionária.
"A pauta fiscal vai voltar com uma certa força com a tramitação da redução do Imposto de Renda sobre remunerações abaixo de R$ 5 mil. Existe a possibilidade de passar só a isenção, e não a tributação compensatória de IR, o que levaria a um rombo de R$ 37 bilhões no orçamento", acrescentou.
O avanço dos juros futuros ocorreu em paralelo a altas nas taxas dos Treasuries, que subiram após rumores de que as próximas tarifas dos Estados Unidos serão menos abrangentes do que o esperado - fator que aumentou o apetite por risco e estimulou as vendas destes papéis. Miraglia, porém, ressaltou que no Brasil o mercado foi na direção oposta, de aversão ao risco, com queda do Ibovespa e alta do dólar, o que sugere maior influência de fatores domésticos nos juros.
Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos, aponta que mais cedo houve confusão em relação a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a respeito do arcabouço fiscal, e que isso também contribuiu para dar força aos juros futuros.
"No início ficou um mal entendido em relação a uma fala dele, de que gosta do arcabouço, mas que poderia haver mudanças de parâmetros no futuro. Trouxe um certo risco", disse Oliveira. Posteriormente, Haddad reforçou que estava "confortável" com os parâmetros do arcabouço e que defendia preservá-los por meio de medidas que incluam despesas públicas no limite de gastos.
Para além do cenário fiscal, os investidores se preparam para a divulgação da ata do Copom amanhã. Segundo Miraglia, a linguagem usada pelas autoridades no documento precisa vir mais inclinada a um aperto monetário - mais hawkish, no jargão do mercado - para evitar que o receio com o quadro fiscal resulte em mais aumento do prêmio de risco na curva de juros.
A taxa do contrato de DI para janeiro de 2026 subiu a 15,030%, de 14,955% no ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 aumentou a 14,920%, de 14,767%, e a taxa para janeiro de 2029 avançou a 14,720%, de 14,533%.
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.