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Política Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2013, 18:24 - A | A

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Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2013, 18h:24 - A | A

DENTRO DA PAPUDA

Em carta de renúncia Henry diz que prisão é resultado de 'equívoco de ministros'

Ele renunciou ao mandato na Câmara Federal ao entregar carta de renúncia à Mesa Diretora do poder

NAYARA ARAÚJO






O primeiro político mato-grossense com mandato eletivo a ser preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, deputado federal Pedro Henry (PP), alegou que não existem provas que atestem seu envolvimento no esquema do Mensalão.


Instantes após ter o pedido de prisão expedido nesta sexta-feira (13) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ele
renunciou ao mandato na Câmara Federal. Henry entregou carta de renúncia à Mesa Diretora na tarde de hoje.

Ele também garantiu que toda a reviravolta que acometeu sua vida política é resultado do mal entendimento de alguns ministros.

“O entendimento equivocado de alguns ministros que extraíram trechos incompletos de depoimentos, que, quando analisados na sua integralidade, levariam a conclusões diferentes daquela, me negou o duplo grau de jurisdição, que pudesse garantir minha defesa”, disse.

Marcos Lopes/HiperNotícias

Pedro Henry renunciou ao mandato nessa sexta-feira após ter mandado de prisão expedido pelo STF


O parlamentar lembrou ainda que o próprio ministro Ricardo Lewandowski chegou a afirmar que não encontrava razões do porquê da representação proposta contra ele. Segundo o ex-deputado, gravações de trechos de depoimentos foram deturpados, culminando, então, na sua condenação de sete anos e dois meses em regime semiaberto.

Ao finalizar, Henry destacou que não era este o planejamento de encerramento da vida pública, mas que deixaria o mandato de “cabeça erguida”. Para ele, todos os deveres enquanto parlamentar foram cumpridos perante à sociedade mato-grossense.

“A Sociedade daquele estado sabe dos benefícios que consegui arrastar para alavancar o seu desenvolvimento e manifestou isso nas sucessivas eleições e nas inúmeras honrarias que me concederam nesses anos de atividade política”, destacou.

LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA:

"Não fugi, não me escondi e nem renunciei, pelo contrário, colaborei e esclareci todas e quaisquer dúvidas, abri meus sigilos fiscais e bancários, expus todas as minhas particularidades. Durante os últimos oito anos obtive a absolvição do Conselho de Ética e do Plenário da Câmara dos Deputados, através dos votos dos Parlamentares, também fui absolvido pela sociedade mato-grossense que me reelegeu, através do voto popular, nas eleições de 2006 e 2010, me conferindo o quarto e o quinto mandatos consecutivos, respectivamente.

Neste ano, apesar da ausência de provas cabais do meu envolvimento, que levaram inclusive ao ministro Ricardo Lewandowski a afirmar que não encontrava sequer razões do porquê da representação proposta contra mim, me vi condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Quando tentei contra argumentar minha inocência e o entendimento equivocado de alguns ministros que extraíram trechos incompletos de depoimentos, que, quando analisados na sua integralidade, levariam a conclusões diferentes daquela, me foi negado o duplo grau de jurisdição, que pudesse garantir minha defesa.

O princípio do duplo grau de jurisdição tem a finalidade de garantir a realização de um novo julgamento, por parte dos órgãos superiores, nesse caso, pela própria Corte Suprema, daquelas decisões proferidas, propiciando ao réu a revisão do julgado. Duplo grau de jurisdição em matéria processual penal encontra sua garantia absoluta estampado na legislação penal tão bem elaborada por esta Casa, como também no art. 8º, n.2, letra h, da Convenção Interamericana de Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica, na qual o Brasil é signatário.

Como mencionou também o Ministro Ricardo Lewandowisk (sic), "a história tem registrado que nos votos vencidos algumas vezes reside a semente das grandes transformações", diante de afirmação tão sábia, me vejo na obrigação de alertar a essa casa, embora pela última vez, o foro privilegiado se mostrou, mais uma vez, extremamente perigoso e este exemplo que estamos vivendo nesse momento, não deve passar desapercebido por todos, que possa servir a uma transformação de rito que não exponha a todos ao risco que corri e mais, ao desfecho que passo a me submeter a partir de agora.

Apesar de abreviar em um ano este mandato, meu sentimento é de dever cumprido para com os Mato-grossenses. A Sociedade daquele estado sabe dos benefícios que consegui arrastar para alavancar o seu desenvolvimento e manifestou isso nas sucessivas eleições e nas inúmeras honrarias que me concederam nesses anos de atividade política. O DIAP inúmeras vezes me listou como um dos parlamentares mais influentes do Congresso Nacional, meus pares nesta casa como sempre me ofertaram respeito e amizade, o que mais poderia desejar um homem público.

Agradeço a minha querida Cárceres e a todos os Cacerenses que me acolheram e sempre me prestigiaram, igualmente agradeço aos amigos, companheiros e a minha família em especial que sempre se solidarizam comigo. Construí minha vida com a medicina, participei pessoalmente de mais de 20 mil procedimentos cirúrgicos, a partir de agora retorno a minha profissão de origem, sem arrependimentos ou amarguras, feliz por ter vivido essa experiência com todos vocês. Senhor presidente, não seria este o desfecho da vida pública que eu havia planejado, mas não vou expor esta instituição mais do que já se encontra exposta por este episódio, apresento a V. Exa. minha renúncia deste mandato em caráter irrevogável.

Era o que eu tinha a esclarecer, muito obrigado."

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