“Perdi meu anjo, mas não culpo o motorista. Ele não teve intenção de matar ninguém”. Essa frase é da professora Janilda Aparecida Gomes, mãe da pequena Ana Flávia Gomes, de oito anos, que morreu na noite do domingo passado (20), atropelada por um motorista que errou os pedais do carro e esmagou a criança contra o muro de uma casa.
Apesar do sofrimento, a professora disse que está tentando viver um dia de cada vez e pedindo a Deus cada vez mais paciência, pois ela tem um filho de quatro anos que precisa de seu auxílio.
Pedro Miguel
O impacto foi tamanho que derrubou parte do muro da casa
“Não está sendo fácil. É difícil pra dormir, é difícil pra comer, pra esquecer, mas passo um dia de cada vez e assim eu consigo ter calma. A vida continua”, disse a mãe.
No dia da tragédia, Ana Flávia estava na casa do tio, onde acontecia uma reunião religiosa. Após a oração, ela se sentou na frente da casa para lanchar e foi atropelada. Sebastião Dias Carvalho era o motorista do Ford Versailles que matou a menina. Ele tentava dar uma marcha à ré quando errou o pedal e atingiu a menina. A força do impacto foi tamanha que o muro chegou a ceder a menina caiu dentro da casa, se contorcendo em dores.
Janilda, mãe de Ana Flávia, foi avisada do acidente e logo correu para a casa do irmão, para saber o que tinha acontecido. “Cheguei lá e minha filha estava apenas com dois cortes e se debatendo muito. Acompanhei na ambulância até o hospital. Chegando lá ela foi atendida, mas logo os médicos disseram que ela não resistiu e morreu. A causa da morte foi choque hipovolêmico e um dos pulmões dela foi completamente esmagado pelo peso do carro. É dolorido lembrar disso”, comentou.
Pedro Miguel
Motorista do Versailles diz que errou os pedais e acabou matando a menina
O velório da criança foi na segunda-feira (21). Hoje, ela disse que não tem rancor ou ódio algum perante o motorista que atropelou sua filha. Segundo ela, hoje ele sofre o mesmo tanto que ela.
“Eu estou sofrendo tanto. Perdi minha filha, perdi meu anjo, mas eu não culpo o motorista não. Ele não saiu de casa para matar ela. Aquilo foi um acidente. Eu perdôo ele, porque sei que ele também sofre com o ocorrido. A neta dele estava sentada ao lado de minha filha e ela correu. Imagina se ele mata a neta dele? Seria uma dor maior que a minha. Não estou na terra para julgar ninguém e, por isso, prefiro não ser desleal e nem colocar culpa alguma nele”, desabafou a mãe, que completa. “Se Ana morreu, é porque ela agora quer que todos que aqui ficaram amem mais, beijem mais, abracem mais e vivam mais. A vida é muita curta para passar em tristeza. Eu perdi um pedaço de mim, mas sei que tenho um anjo”, finalizou.
Sebastião, o motorista do carro que matou a pequena Ana Flávia, não possui carteira de habilitação. Ele deve ser autuado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Na delegacia, a professora Janilda prestou depoimento e decidiu não representar contra o homem.
Arquivo Pessoal/Facebook
Janilda diz que perdoa o motorista e resolveu não representar contra ele na polícia; agora tenta criar o filho mais novo, de quatro anos
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