Em Cuiabá, 98 imóveis localizados no conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico que formam o Centro Histórico, estão abandonados. Desse montante, 43 já apresentam risco de desabamento e os outros 55 ainda não passaram por vistoria.
Os dados foram repassados ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso pela Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Em Audiência Pública realizada na última sexta-feira (08), convocada pelo vereador Lilo Pinheiro (PDT), foi debatida a situação do Centro Histórico de Cuiabá, com a participação de comerciantes, arquitetos, dirigentes de entidades e moradores do local.
Na lista de imóveis abandonados constam prédios localizados na Praça do Rosário, nas avenidas Tenente Coronel Duarte e nas ruas Pedro Celestino, Barão de Melgaço, calçadão Ricardo Franco, Voluntários da Pátria, Sete de Setembro, entre outros endereços.
O objetivo é encontrar solução para um dos mais graves problemas da área: a fiação que infesta os postes, mas já não é mais utilizada pelas empresas, tanto de energia quanto de telefonia, tevês a cabo e outras.
José Augusto Tenuta, um dos principais organizadores do evento, é criador e presidente da Associação Cultural do Mundéo, que atua na preservação e divulgação da cultura cuiabana, a partir de vivências do bairro do Mundéo, que fica nas proximidades da Santa Casa, e é “talvez o terceiro bairro de Cuiabá”, frisou, para depois disparar: falar em turismo histórico em Cuiabá é uma fantasia.
Mudar esse quadro de penúria é o apelo que a comerciante, na oportunidade representando a CDL (Câmara dos Diretores Lojistas), Maria Cândido Silva Camargo deixou registrado da Tribuna.
Parte do corpo diretor da CDL, a lojista observou que discussões sobre o centro são antigas e já “estão desgastadas”. Para ela “as coisas andam quando há vontade política” e sugeriu a criação de uma sub-prefeitura, “para que exista uma gestão continuada, porque como estamos hoje, cada prefeito significa um recomeço”, para em seguida disparar: até quando Cuiabá vai ter um Centro Histórico horroroso?
Outra questão levantada foi com relação à segurança. Representando o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e também a Academia Mato-grossense de Letras, instituições que ocupam o mesmo prédio, a Casa Barão de Melgaço, a Professora de Geografia Sônia Regina Romancine disse que os acadêmicos já registraram mais de 15 furtos nos últimos anos.
Como professora, costuma levar alunos para aulas de campo no Centro Histórico “pois é uma referência memorial da cidade” e para despertar as pessoas, porque elas têm direito à cidade, freqüentando seus espaços, andar por ela.
Professora da UFMT, a arquiteta urbanista Doriane Azevedo, também relatou sobre suas aulas práticas no centro. Ela disse que todo semestre leva uma turma ao local e com tristeza constata que muitos alunos não conhecem o Centro Histórico.
Mas o Centro Histórico tombado pelo poder público nos anos 90, ela ressalta, “é um conjunto paisagístico”, isto significa que a Coroa Portuguesa adotava regras para as construções das cidades, “era uma idéia de conjunto”, assim, o Centro Histórico de Cuiabá constitui “uma paisagem cultural de três séculos”, importante detalhe que não estamos conseguindo compreender.
Entre tantas outras atividades, o Arquiteto Urbanista, Professor e Servidor Público aposentado, e articulista da imprensa José Antônio Lemos, afirmou temer que as autoridades estejam aguardando um acontecimento trágico para tomar as providências devidas. “Além da questão estética urbana, o Centro Histórico é questão de segurança pública”, alertou.
O Centro Histórico
Os estudos para o tombamento começaram na década de 1980, tendo sido ele aprovado em 1988 pelo conselho consultivo do IPHAN. Por motivos políticos. O tombamento só foi efetivado em 1993, com a inscrição da área nos livros histórico, de belas artes e arqueológico, etnográfico e paisagístico.
A área tombada do centro histórico possui 13 hectares, onde estão cerca de 400 imóveis. Há ainda a área de entorno, com mais 600 imóveis e 49,7 hectares. Conforme registra o IPHAN, instituto que cuida da preservação dos bens tombados no país.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.