Aprovado em seletivo, primeiro haitiano formado em Cuiabá teme não poder assumir vaga

O haitiano Jackson Hyppolite, 28 anos, foi classificado em primeiro lugar para a função de técnico em contabilidade no concurso do Hospital Municipal de Cuiabá. Orgulhoso pela conquista, o imigrante, que foi o primeiro haitiano a se formar em uma universidade da capital mato-grossense, teme não conseguir assumir a vaga por conta da nacionalidade.

Reprodução

 Jackson Hyppolite

Ao HNT/HiperNotícias, ele não escondeu a felicidade pela vitória pessoal. “Eu me inscrevi como cotista no seletivo, mas deu tudo muito certo e fui selecionado até mesmo na lista geral”, conta o jovem.

Formado em contabilidade pela Universidade de Cuiabá, Jackson Hyppolite aponta que há fragilidades na estrutura do processo, uma vez que ele conseguiu realizar a inscrição para o seletivo mesmo o edital trazendo um item que exclui a participação de estrangeiros na concretização do contrato.

O item 16.6 do edital, que versa sobre as disposições gerais do processo, diz o seguinte: “Para fins de concretização do contrato temporário, o candidato aprovado no Processo Seletivo Simplificado deverá ser brasileiro, ter acima de 18 anos e preencher todos os requisitos exigidos pela Lei Municipal nº 5.718, de 27/09/2013, que define critérios para a nomeação e exercício dos cargos de provimento em comissão e para a contratação de pessoal por prazo determinado no âmbito do Município de Cuiabá”.

A reportagem entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Cuiabá, a fim de que fossem verificados os procedimentos legais neste tipo de situação. Contudo, a comunicação do Executivo municipal informou que aguarda resposta do organizador do seletivo, o Instituto Selecon.

Trajetória de conquistas

Em 2018, quando se formou em contabilidade, o trabalhador contou ao HNT/HiperNotícias que, quando veio para o Brasil, recebeu duas propostas, a primeira era para morar em Santa Catarina e a segunda em Cuiabá. Ele conta que quando chegou no estado sulista não foi bem recebido, “eu me sentia excluído”.

“Eu ia na igreja e eles não me notavam, cheguei a sentar sozinho”, comenta triste o trabalhador. Angustiado com a experiência, Jackson enxergou em Cuiabá a possibilidade de um novo recomeço.

“Aqui, em Cuiabá, era bem diferente, me senti acolhido”, diz o haitiano. Ele afirma que na capital mato-grossense as pessoas são mais abertas e que aqui é mais feliz.

Hoje, cinco anos após chegar a Cuiabá, ele trabalha como garçom em um restaurante e enxerga no seletivo a oportunidade de exercer sua profissão.

Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.

Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.

Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.