Para conter o crime organizado, a PF mudou a estratégia de atuação. Antes, as investigações se concentravam nas ocorrências individuais. Hoje, a corporação busca a origem das fraudes para estancar os golpes pela raiz.
"Não adianta ter um volume imenso de operações e investigações se ao fim o resultado é insignificante", afirmou o diretor-geral da Polícia Federal nesta terça em evento organizado pela Febraban para debater caminhos de prevenção e repressão a fraudes, segurança cibernética e bancária.
Sob a gestão de Andrei Rodrigues, a PF definiu três eixos prioritários de atuação contra fraudes digitais. O primeiro é a integração do setor público com o setor privado e entre as instituições públicas. Desde 2017, a Polícia Federal tem um acordo com a Febraban para trocar informações que facilitem as investigações. "Esse não é só um desafio das instituições de segurança", afirmou o diretor-geral da PF.
O segundo é a descapitalização das organizações criminosas para interromper suas operações. E o terceiro é a cooperação internacional. "Hoje não há fronteiras ao crime", declarou Andrei na palestra.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Federação Brasileira de Bancos lançaram no mês passado uma "aliança nacional" para combater as fraudes bancárias digitais.
O secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, também esteve no evento. Ele defendeu que a reestruturação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) é o próximo passo para "desestruturar a criminalidade organizada". "Nós precisamos que o Coaf seja forte para que, junto com o sistema financeiro, possamos separar o joio do trigo."
Em busca de soluções conjuntas, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, propôs punições administrativas para pessoas que "alugam" o CPF para terceiros movimentarem dinheiro ilegal, os chamados "laranjas".
"Precisamos banir essas pessoas e impedi-las de realizarem transações financeiras, excetuando-se aquelas transações para crédito de seu salário, permitindo somente saques e a não realização de transferências com origem nestas contas, seja por TED ou Pix."
Sidney também afirmou que é preciso "cortar na própria carne" e responsabilizar executivos de instituições financeiras negligentes com a fragilidade de contas e que permitem que "criminosos consigam abrir contas com o único intuito de ter uma conta de passagem para transitar recursos ilícitos".
(Com Agência Estado)
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