O Ministério Público Federal (MPF) denunciou 14 envolvidos na rede de tráfico internacional do Primeiro Comando da Capital (PCC) revelada na Operação Mafiusi, deflagrada pela Polícia Federal em dezembro. O grupo é acusado de organização criminosa e associação para o tráfico. É a primeira denúncia oferecida na esteira da investigação. Os denunciados teriam ligação com a máfia italiana 'ndrangheta.
Segundo o inquérito, cargas de cocaína eram enviadas à Europa principalmente por meio do Porto de Paranaguá, no Paraná. O esquema teria operado por 5 anos, desde 2019. A denúncia narra que o grupo se associou "de forma estável, organizada com hierarquia e divisão de tarefas".
O MPF afirma também que todos agiram "com vontade livre e consciência da ilicitude de suas condutas" e "integraram pessoalmente organização criminosa de caráter transnacional, que mantinha conexão com outras organizações criminosas independentes". "A estrutura da organização é complexa e ostenta alto poder financeiro, sobretudo em razão da recorrente utilização de celulares com SKYECC (rede de comunicação criptografada usada por máfias ao redor do mundo), expressiva movimentação de valores, pagamentos em espécie, aquisição de bens de luxo e lavagem dos ativos obtidos com o tráfico", afirma.
Ainda segundo a denúncia, a lavagem de dinheiro do esquema era feita por meio da compra de imóveis em nome de terceiros e do agenciamento de jogadores de futebol. O cabeça do grupo, segundo a Mafiusi, era o empresário Willian Barile Agati, o concierge do PCC, que segundo a investigação tentou despachar 554 kg de cocaína para o Porto de Valência (Espanha), em dezembro de 2020. As cargas de droga foram apreendidas em dois contêineres.
Agati nega os crimes e questiona a legalidade das provas obtidas. "Willian Agati é um empresário honesto", diz seu advogado, Eduardo Maurício.
Agati é apontado como o líder do esquema desmontado na Operação Mafiusi e está implicado em outras investigações por suspeita de elo com o PCC. Ele seria responsável pelo controle das remessas de drogas e pela compra de bens e imóveis para lavar o lucro do tráfico, diz a denúncia. Ele foi preso em janeiro. "O vínculo entre a máfia italiana 'Ndrangheta e os fornecedores de logística em Paranaguá-PR, com atuação em parceria com importantes personagens do PCC, denotam o tamanho da atuação de Willian Barile Agati no tráfico internacional de entorpecentes e na expressiva lavagem de capitais, utilizando prioritariamente o Porto de Paranaguá-PR para exportações, além do modal aéreo com jatos particulares em viagens internacionais", diz a denúncia.
Don Corleone
O empresário João Carlos Camisa Nova Júnior, o Don Corleone, está na lista. Ele seria comparsa de Agati e teria ajudado a enviar a cocaína à Europa em navios e em um jato particular Falcon 50. A aeronave foi usada pelo PCC, diz a PF, para levar cocaína à Bélgica.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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