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Artigos Domingo, 25 de Outubro de 2015, 08:03 - A | A

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Domingo, 25 de Outubro de 2015, 08h:03 - A | A

Tudo isso e muito mais

Acontece que é preciso respirar no tempo de Belém e não no ritmo dos roteiros tradicionais de turismo para conseguir a sintonia ideal que faz da cidade um lugar tão sedutor

VALERIA DEL CUETO

 

Divulgação

Valeria Del Cueto

 

Estive na Estação das Docas (de novo!), em Belém do Pará, para assistir ao lançamento, em setembro, do III Prêmio de Jornalismo em Turismo “Comendador Marques do Reis”, no Teatro Maria Sílvia Nunes.

 

Foi como entrar no túnel do tempo. Ali, há uma década, começava minha paixão pela capital paraense. O curta metragem “História Sem Fim, do Rio Paraguai – o relatório” era um dos selecionados para o Festival de Cinema de  Belém, produzido por Emanuel Freitas e pela maior representante paraense no cinema nacional, a queridíssima Dira Paes. A base do festival era numa embarcação atracada no cais, na ponta dos 500 metros ocupados pelos três armazéns que compõem o complexo  de salas, cinemas, restaurantes, lojas, a beira da Baía do Guajará.

 

Foi pelos corredores do teatro, onde os filmes eram apresentados, que vi passar um “cortejo” da Marujada que homenageia o santo negro. Ela é realizada, desde 1798, pela Irmandade de São Benedito de Bragança, no nordeste do estado. Como boa cuiabana “pau rodado” já tinha uma queda pelo santo protetor de  Cuiabá, capital de Mato Grosso. Quando ouvi o choro da rabeca, tambores, cuíca, viola e cavaquinho tocados pelos homens e vi as mulheres, com trajes característicos e chapéus de fitas, me rendi: ali nascia um objetivo.

 

Desde então persigo o sonho de ver o auto dramatizado ao vivo e a cores, em seu local original. Nunca cheguei lá. Mas o interesse pela procissão, que percorre as ruas em agradecimento a autorização dada pelos senhores para que os escravos pudessem fundar a Irmandade em Bragança, já rendeu frutos. Foi falando  dela que tirei um dez numa das matérias da faculdade de Gestão de Carnaval, da Estácio de Sá.  Isso foi antes que a Marujada de Bragança virasse Patrimônio Cultural do Pará, o que aconteceu em 2009.

 

Tudo isso passava pela minha cabeça enquanto ouvia o Secretário Estadual de Turismo, Adenauer Goes, falando sobre os objetivos do prêmio e comemorando o aumento de um dia no roteiro de atividades turísticas disponíveis em Belém.

 

Discordo dele. Positivamente, é claro! Acho que quem visita Belém não deve se limitar a três ou quatro  dias para explorar tantos atrativos como os apresentados em Cine Ópera, Céu na terra, PARAiso dos Sabores e Florestas Urbanas. E ainda falta...

 

Acontece que é preciso respirar no tempo de Belém e não no ritmo dos roteiros tradicionais de turismo para conseguir a sintonia ideal que faz da cidade um lugar tão sedutor. Há o calor. Ele faz com que, mais que simplesmente inspirar e expirar no batidão frenético das excursões, precisemos respirar fundo e pausar a correria. Tudo no timming amazônico: as manhãs no Ver-o-Peso, o Tacacá das cinco da tarde, a Cidade Velha, o complexo Feliz Luzitânia, os parques... Já estou na quinta crônica e ainda falta falar de tantas coisas!

 

Depois de 10 anos do Festival de Cinema, consegui voltar. Foram 10 dias dessa vez. Posso garantir: ainda tenho fome de Belém. De conhecer seu povo, explorar melhor sua riqueza histórica, me surpreender pela maneira incrível com que a contemporaneidade se aproveita, explora e se fundamenta de tanta tradição. Sabendo dar continuidade às realizações e projetos. Tendo sabedoria para conseguir unir e integrar os elementos que constituem a sociedade local.

 

Não conheço outro lugar em que o diálogo entre a comunidade, as forças militares e a marinha mercante tenha alcançado tanto êxito. Enquanto, normalmente, esses elementos são entraves para a valorização de áreas turísticas (ai, meu Rio de Janeiro) lá, o que se vê, é quase a realização de uma utopia. Que se ainda não está 100% consolidada é porque sonhos grandiosos como esse levam tempo para serem concretizados. Demandam muita energia, amor e uma dedicação quase insana, em que as vaidades individuais sejam deixadas de lado em favor do bem comum.  É isso que Belém tem.

 

E muito mais! Um dia, certamente, como eu, você também será seduzido e há de (re)conhece-la.

 

* VALÉRIA DEL CUETO é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Crônica da série “No Rumo” do Sem Fim...

 

 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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