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Artigos Sexta-feira, 21 de Março de 2025, 09:17 - A | A

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Sexta-feira, 21 de Março de 2025, 09h:17 - A | A

NEILA BARRETO

Cultura cafeeira

NEILA BARRETO

Em relação a cultura cafeeira, Virgílio Corrêa Filho inicia historiando as passagens de estudiosos à cata da plantação e vai encontrar vestígios da espécie nos escombros da edificação do Forte do Príncipe da Beira, erguido pelo Capitão General Luiz de Albuquerque, conforme apontamentos do General Rondon que, à época, resolveu restaurar o local, há tempos abandonados. Quando da limpeza avistou com surpresa, entre as demais árvores, o aparecimento de cafeeiros, que se tinham tornado silvestres, provando assim, que nesse local desenvolveu o plantio de cafezais, cujas mudas provavelmente, foram trazidas do Pará, via fluvial guaporeana, em ligação periódica de Vila Bela com Belém, pelo seu proprietário.

O desenhista Hercules Florence, ao passar por Cuiabá, já havia relatado que “As produções do país são a cana, da qual se extrai o melhor açúcar do Império, o fumo que é excelente; o algodão, o café, milho, mandioca e tamarindo, que aí se acha em abundância, onde, em qualquer outra parte do mundo se faz uma massa para exportação”. Por outro lado, relata Virgílio que o desenhista da Comissão Langsdorff, mais tarde, também, observou em Jacobina, rica fazenda no caminho de São Luís de Cáceres onde, “o principal gênero de cultura era o de cana de açúcar, seguidas de mandioca, feijão, milho, etc..., e o café para o consumo somente no país”. Esse fato foi confirmado pelo Coronel João Pereira Leite, quando exclamou a existência de: “Magníficos pés de café cacau vi em Jacobina”, concluiu Leite.

Em 23 de agosto de 1823, quando foi nomeado para a “Comissão de Mapas, Estatísticas e Topografias”, Luís de Alincourt retornou a Mato Grosso, para estudos sobre as condições administrativas e sociais da província e, elaborou um relatório a respeito da vida mato-grossense naquela época, onde precisou a existência da produção da cultura cafeeira assim:

“Cuiabá produziu no ano de 1825 - 157 arrobas; em 1826 – 163 arrobas e, em 1827, 149 arrobas, totalizando 469 arrobas de café. Em Diamantino, nos mesmos anos, foram produzidas 86 arrobas e, em Mato Grosso um total de 318 arrobas da cultura cafeeira” que, Augusto Leverger – Presidente da Província, em 13 de janeiro de 1853 comentou: “Consome-se nesta cidade bastante chá e café, entretanto que aquele é todo importado de fora da Província, o preço deste oscila entre 10$000 a 20$000 a arroba, preço exorbitante, atendendo a facilidade e pouco dispêndio com que se pode cultivar”.

Sobre o mesmo assunto, Estevão de Mendonça em suas valiosas “Datas-Mato-grossenses”, à página 337, informava: Em 19 de junho de 1876, é pela primeira vez exposta à venda no mercado público de Cuiabá uma partida de café, colhida no distrito da Chapada, no sítio denominado BOMFIM, de propriedade de José de Lara Pinto”, cujo plantio começou em 1871, com oito mil mudas e teve a primeira colheita três anos depois, arrecadando cerca de 50 alqueires, crescendo a produção em 1875 a 240 alqueires, e ao dobro em 1876, cuja partida exposta à venda foi adquirida pelo negociante João Baptista de Almeida Filho, o qual enviou a Londres, a firma Knowles & Foster uma amostra, solicitando o parecer sobre a qualidade e o valor do produto.

Em 16 de novembro de 1876, Londres, por meio da firma Knowles & Foster respondeu que, a amostra do café se assemelhava ao café produzido em Santos, aproximava dos cafés produzidos por Salvador e Nicarágua, sendo de boa cor, um esverdeado vivo com tendência para o vermelho, bom para qualquer mercado, sendo o único defeito a pequenez da baga, cujo valor poderia variar de 85 a 87 shillings por 112 libras.

Corrêa Filho chama a atenção dos leitores que seria errôneo concluir que só em 1876 tivesse iniciado a exploração mercantil do café chapadense, lembrando que, o engenheiro Francisco Pimenta Bueno, quando em Comissão do Ministério da Agricultura, em 1880 afirmou: “No distrito da Chapada e na Serra de S.
Lourenço, as terras são bastantes férteis; o café produz perfeitamente nessas alturas e, também, outros gêneros de cultura”. (...) A produção do café e fumo está muito aquém do necessário para o consumo. (...) Na Serra da Chapada, o café tem produzido muito bem; os terrenos são apropriados e o clima excelente”.

Porém, percebe-se que o cafeeiro não prescinde dos cuidados do lavrador, ao contrário, exigia imperiosamente para recompensar em proporção e, Mato Grosso não dispunha de elemento humano para semelhante cultura que chegou na região serrana, mais próxima de Cuiabá, em torno da Chapada, antes de 1889. No entanto, a abolição afastou os escravos dos cafezais, os quais se transformaram em mato, onde se encontravam com facilidades mudas aproveitáveis.

Em 1924, bastou o presidente Pedro Celestino contratar a abertura da rodovia Cuiabá à Chapada, iniciada em junho do mesmo ano, para que vários agricultores se animassem a procurar de novo o planalto para o cultivo do café. Do outro lado, maior estímulo recebeu o Sul que, com a Estrada de Ferro Noroeste estimulou o crescimento notável do café, em Campo Grande e, do mesmo modo, Rondonópolis, aproveitou da facilidade da navegação pelo Alto São Lourenço, e pelo braço Bororo, ensaiando o desenvolvimento da lavoura cafeeira.

Em 1936, em Mato Grosso, a plantação do café abrangia 590 hectares, com uma produção estimada em 4.000 sacas de 60 quilos. No mesmo período, registrou-se a exportação a exportação de 300.000 quilos, no valor de 815.115 contos de réis.

Por fim, Corrêa Filho informa que o café que os navios apropriados à navegação do rio Paraguai recebiam em Porto Esperança, para transportá-lo às republicas platinas, procedia em geral, da região noroestina de São Paulo e, transitava apenas em Mato Grosso, até o porto de embarque, uma vez que a produção do Estado mal dava para o consumo regional, em função da escassez da mão de obra regional.

(*) NEILA BARRETO é jornalista, mestre em História e membro da AML e atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.

 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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