Karl Lagerfeld desfrutava da estatura de um deus entre os mortais do mundo da moda, onde permaneceu no topo por mais de meio século e até a sua morte, numa idade que quase ninguém além de si mesmo conhecia com a precisão de hoje. O estilista alemão era mais conhecido por sua associação com a francesa Chanel, que remonta a 1983. A marca, diz a lenda, corria o risco de se tornar a reserva de vovós endinheiradas antes de ele chegar, cortando as bainhas e acrescentando brilho aos ternos fofos do que é agora uma das casas de costura mais valiosas do mundo.
Mas Lagerfeld, que ao mesmo tempo produzia coleções para a Fendi da LVMH e a marca que leva seu nome - um feito inédito na moda -, era quase uma marca por si só. Trajes escuros esportivos, cabelos brancos, rabo-de-cavalo e óculos escuros nos últimos anos que o tornaram instantaneamente reconhecível, um humor irreverente também fazia parte de uma persona cuidadosamente elaborada.
"Sou como uma caricatura de mim mesmo e gosto disso", dizia uma citação lendária atribuída a ele, e muitas vezes reciclada para transmitir a pessoa que ele gostava de interpretar. "É como uma máscara. E, para mim, o carnaval de Veneza dura o ano todo."
Seus instintos artísticos, perspicácia comercial e ego proporcional combinavam-se a um efeito comercialmente triunfante no mundo rarefeito da alta moda, onde ele era reverenciado e temido em proporções semelhantes por concorrentes e top models. A recusa em olhar para o passado era um dos seus maiores bens, disseram aqueles que o conheciam.
O estilista se misturou com os jovens e a moda até o final, emparelhando-se com a queridinha de passarela de 17 anos Kaia Gerber, filha de Cindy Crawford, para uma colaboração lançada por sua marca Karl Lagerfeld em 2018.
Sua gata Choupette também era uma celebridade: o animalzinho de pelos brancos, descrito por seus seguidores em redes sociais como "filha de Karl Otto Lagerfeld", tem mais de 100 mil seguidores na rede de fotos do Instagram e um acordo de publicação.
No entanto, Lagerfeld também se destacou como artesão. Fotógrafo realizado, ele traçou seus próprios desenhos à mão, um fenômeno cada vez mais raro na moda. Por trás da fachada, era conhecido por sua erudição e propensão à literatura, e devorava diariamente os principais jornais do mundo. (Com agências internacionais).
(Com Agência Estado)
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