Os dois aparelhos adquiridos em nome do chefe da Casa Militar de Mato Grosso, coronel Evandro Alexandre Lesco, ainda em 2015 no valor total de R$ 24 mil, teriam sido comprados com a “Verba Secreta” da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp).
De acordo com a normativa 001/2008 que disciplinou a concessão, aplicação e prestação de contas da “Verba Secreta”, ela é exclusivamente para “operações de inteligência”.
“A concessão de [Verba Secreta] será destinada exclusivamente para operações de Inteligência. Os pleitos para concessão de “Verba Secreta” somente poderão ser solicitada pelas unidades de Inteligência que compõem a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e Segurança Pública, bem como as unidades centrais de Inteligência da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar e Polícia Judiciária Civil”, diz trecho da normativa.
A “Verba Secreta” não aparece nas prestações de contas do governo, sendo relatada apenas para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) que analisa as contas do Poder Executivo.
A nossa reportagem entrou em contato com Sesp para saber sobre os dois equipamentos de interceptações telefônicas comprados pelo coronel Lesco, a época em que ele era o secretário-adjunto de Segurança Governamental. Porém, através de sua assessoria, a Secretaria não negou e nem confirmou a utilização da verba neste caso.
“Em relação aos valores gastos pela Sesp com a Verba Secreta para ações de inteligência nas polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Politec e da própria secretaria não são divulgadas por questões de estratégicas. A informação é prestada apenas ao Tribunal de Contas do Estado”, diz trecho da nota.
Aparelhos
Os dois aparelhos poderiam ser acoplados no "Sistema Guardião" e as interceptações poderiam ser feitas e escutadas sem acessar o próprio aparelho de monitoramento.
Desde o final do ano 2015 o coronel Lesco vem ganhando importantes espaços no governo Taques. Em 2016, ele foi promovido de tenente coronel, ao posto de coronel da Polícia Militar de Mato Grosso. E assumiu a Secretaria-Adjunta da Casa Militar, tendo como o 01 da pasta o coronel Benedito Siqueira Júnior.
Hoje, Lesco é secretário da Casa Militar de Mato Grosso. O oficial também passou a atuar como ajudante de ordem do governador Pedro Taques.
Já em janeiro deste ano ele assume a Casa Militar em decorrência da nomeação do coronel Airton Benedito de Siqueira Júnior como secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh).
Porém, a aquisição dos aparelhos deveria ter sido feita através de um processo de licitação já que o valor era superior a R$ 8 mil, conforme Lei Nº 8.666 que trata licitações públicas.
O aparelho foi desenvolvido pela empresa Wytron Technology Corporation que atua no Brasil desde 2001. O sistema grava as conversas de telefone fixo ou celular. Cada aparelho adquirido por Lesco grava até 32 linhas simultaneamente.
Grampos
O coronel Evandro Lesco tem como seu braço direito, o cabo Gerson Correa Junior, que foi o responsável pelos pedidos de autorização para interceptação de números de telefones de políticos, advogados e jornalistas de Mato Grosso, de maneira ilegal e que foram autorizados pelo juiz Jorge Alexandre Ferreira, que atuava na comarca de Cáceres.
Entre as pessoas grampeadas estão a deputada estadual Janaina Riva (PMDB), um assessor do deputado estadual Wagner Ramos (PSD), desembargador aposentado José Ferreira Leite, um assessor do desembargador Marcos Machado e Kely Arcanjo Ribeiro Zen, filha do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.
A denúncia foi oficializada à Procuradoria Geral da República (PRG) pelo promotor de justiça Mauro Zaque, em janeiro deste ano. Exatamente um ano e um mês após ter pedido demissão do cargo de secretário de Segurança Pública do Estado (Sesp).
Zaque alega que pediu exoneração do cargo após informar o governador do caso e ter exigido a exoneração do ex-secretário Paulo Taques, do comandante geral da Policia Militar de Mato Grosso, coronel Zaqueu Barbosa e de outros policiais e o governador não ter aceitado.
Já Pedro Taques nega que tenha tido conhecimento dos fatos e determinou ao secretário de Segurança Pública (Sesp), Rogers Jarbas, que investigue os fatos. Jarbas já solicitou o fim do termo de cooperação entre a Sesp e o Gaeco na utilização do sistema “guardião”, responsável pelas escutas telefônicas.
Taques também decidiu realizar uma representação contra Mauro Zaque na Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) e no Conselho Nacional dos Ministérios Públicos (CNMP), por denúncia caluniosa, prevaricação e fraude em documentos públicos.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.
Carlos Nunes 23/05/2017
Puxa vida! Agora a nossa Secretaria quer dar uma de CIA americana, com verbas secretas, e operações secretas...O que é mais secreto de 2015 pra cá? O TCE tá louco pra botar a mão na listas dos exportadores de MT, e a lista é secreta...segredo de Estado, caixa preta inviolável?
1 comentários