Em delação premiada, o ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), disse que o deputado estadual Oscar Bezerra, do PSB, cobrou propina no valor de R$ 15 milhões para "amenizar" o resultado das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa do Mundo de 2014.
Trecho da delação foi revelado pela TV Centro América, na noite desta quarta-feira (23), horas após o parlamentar tecer críticas à emissora. Bezerra nega as acusações de Silval.
O deputado foi o presidente da CPI que apurou os esquemas envolvendo as obras da Copa. O relatório final, com mais de 29 mil páginas, foi concluído em setembro do ano passado, após mais de um ano de investigação da CPI, que teve custo de quase R$ 3 milhões para a Assembleia Legislativa.
Criada em 2015, a CPI apontou no relatório final que foram desviados cerca de R$ 541 milhões das obras da Copa. E pediu a devolução do montante, dividido em quase R$ 110 milhões na Arena Pantanal, mais de R$ 115 milhões em mobilidade e quase R$ 316 milhões com o VLT.
Segundo a reportagem, Silval teria dito à Procuradoria-Geral da República (PGR) que o ex-prefeito de Nobres Devair Valim o procurou, em nome do parlamentar, para buscar um acordo financeiro no sentido de fazer com que a CPI terminasse em pizza. O valor cobrado foi de R$ 15 milhões.
Depois disso, ainda conforme o trecho da delação divulgado pela emissora, Silval e Oscar se encontrado e o valor baixou para R$ 10 milhões. Minutos após a reportagem ir ao ar, o deputado confirmou o encontro, mas, na sua versão, disse que foi Silval quem propôs o acordo para a CPI isentá-lo.
"Foi muito pelo contrário [do que o Silval diz]. Ele queria que propor que eu o isentasse na CPI. E como foi a CPI? Eu isentei o Silval Barbosa?", questionou. "Se tivesse alguma tendência de eu ter pego algum benefício, a CPI teria acabado em pizza. No entanto, não acabou", disse.
De fato, a primeira versão do relatório final, entregue em outubro de 2016, apontou que houve desvio de R$ 541 milhões dos cofres públicos estaduais e não poupou os gestores responsáveis pelas obras: pediu o indiciamento de 96 agentes públicos, dirigentes de 16 empresas, de sete consórcios, e ainda do ex-governador Silval Barbosa, do ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Geraldo Riva, dos ex- secretários da Secopa, Eder Moraes e Mauríco Guimarães, e dos ex-diretores da Agecopa, Yênes Magalhães, Yuri Bastos e Carlos Brito de Lima e do Consórcio VLT, formados pelas empresas CR Almeida, Santa Bárbara, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda. e Astep Engenharia Ltda.
No entanto, a versão final eximiu o consórcio do Veículo Leve sobre Trilho, do qual era cobrado uma devolução de mais de R$ 315 milhões. A mudança ocorreu por conta do interesse do governo em terminar as obras do modal e chegar a um acordo com o consórcio, para a retomada das obras.
Ainda conforme a reportagem televisiva, apesar do acordo ter fechado em R$ 10 milhões, o deputado teria recebido apenas R$ 200 mil, como primeira parcela, uma vez que pouco tempo depois o ex-governador acabou sendo preso. Na delação, Silval diz que um outro deputado, cujo nome não foi revelado, chegou a procurar o filho do ex-governador para tratar da continuidade do pagamento da propina.
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