“Tem caráter inovador, por isso há resistência”, disse o secretário de Estado de Educação, Marco Marrafon, quando questionado sobre as críticas ao projeto de gestão escolar por meio de Parceria Público-Privada (PPP), que levou à ocupação de mais de 20 escolas nas últimas semanas, em protesto contra a medida.
Os estudantes que ocupam as escolas enxergam que a proposta do governo “abre as portas” para um processo de privatização. O governo, por sua vez, nega que a PPP tenha o objetivo de privatizar o ensino e acusa o Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sintep) de mentir e espalhar boatos contra o projeto, como a cobrança de mensalidade nas escolas públicas.
Além de garantir que a PPP não é o início de um processo de privatização na Educação, a gestão do governador Pedro Taques (PSDB) afirma que também não é uma concessão. Presidente do MT Participações e Projetos (MT Par), órgão responsável pela implantação da PPP, Vinícius de Carvalho explica que a medida é uma compra.
“A empresa opera os serviços de gestão e o governo compra esses serviços. O Estado está comprando escolas novas. O temor quanto a isso é que existem muitos interesses comprometidos, muita desinformação propagada por partidos e sindicatos”, disse Carvalho durante uma reunião com a Rede de Controle da Gestão Pública, instituição formada por 13 órgãos estaduais.
Previsto para o ano que vem, o processo licitatório foi questionado pelos integrantes da Rede. Um dos principais pontos foram quais serviços seriam licitados e como essas empresas irão geri-los. Carvalho explicou que atualmente o projeto está em fase de modelagem, iniciada em maio. Os serviços previstos são limpeza, segurança, manutenção e construção de escolas, além da possibilidade de atender também a área de alimentação escolar, produzindo as merendas dos estudantes. São serviços chamados de "não pedagógicos" pelos membros do Executivo.
Com a contratação da empresa vencedora da licitação, os servidores temporários que exercem essas funções devem ser substituídos por funcionários da empresa, cujos salários serão definidos pelo mercado. É deste ponto que se espera tirar grande parte da redução de custos almejada pelo governo, que chega a 25%.
“Os salários são definidos pelo mercado de cada categoria profissional. O custo com pessoal será otimizado e o salário é mais convergente com o mercado. É aí que você tem a redução de custos. Acaba sendo o mesmo número de funcionários para para atender a mais funções, de modo que a eficiência do operacional acaba sendo maior, com menos licenças, menos rotatividade”, defende o presidente da autarquia MT Par.
A substituição desses funcionários é vista pelos ocupantes das escolas como uma precarização das relações de trabalho no ambiente escolar, uma vez que os novos contratados ficam subordinados à empresa e não à direção da escola. Vinícius Carvalho contesta. Ele afirma que haverá um fiscal do contrato, vinculado à escola, que vai fiscalizar os serviços e avaliar o trabalho dos terceirizados. E em caso de descontentamento, o fiscal pode comunicar a empresa para providências, como possível substituição do servidor.
CAPACIDADE TÉCNICA
O contrato de compra desses serviços pode chegar a 35 anos e a empresa vencedora, inicialmente, deve gerir todos eles em 76 escolas estaduais. A quantidade de serviços e escolas para apenas uma empresa gerenciar em Mato Grosso levantou questionamentos sobre a capacidade de a empresa vencedora cumprir com o contrato e oferecer serviços de qualidade ao Estado por todos os 35 anos. Em caso de rompimento contratual, a empresa tem direito à garantia financeira resultante dos rendimentos da Conta Única do Estado.
Do debate entre os membros da Rede e os representantes do Executivo surgiu a possibilidade de dividir as 76 escolas em lotes licitatórios e exigir no edital que os serviços sejam feitos por um consórcio de empresas. A ideia será analisada pelo governo.
Mato Grosso tem atualmente 756 escolas estaduais. Segundo o governo, pelo menos 200 delas estão em situações estruturais precárias e pelo menos 45 funcionam em locais alugados.
"A proposta é que a empresa privada venha, construa 31 escolas novas, sendo que 11 seriam para substituir os alugueis e o restante seriam escolas novas realmente", disse Carvalho. A medida deve resultar na criação de 40 mil vagas na rede estadual de ensino. "Lá no final, tanto o terreno, quanto a obra viram bens públicos", garante.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.
MARY NEIVA TAQUES 13/06/2016
Boa Tarde! Há dias gostaria de vir a público para tecer o seguinte comentário: " Quanto ao Projeto de Gestão PARCERIA PÚBLICO PRIVADAm será super importante até pela questão da agilidade como as coisas(compras de materiais, etc) são feitas. O que precisa na realidade é um esclarecimento melhor com um vocabula´rio acessível á população. Com certeza será mais fácil de entenderem. Não deixar margem ´para as pessoas que são contra ganhar terreno e ir contra o Projeto, que com certeza terá mais êxito do que ficar esperando a morosidade das licitações, emprenhos.. Pronto desabafei.
Carlos Nunes 12/06/2016
Pois é, pagamos uma das maiores cargas tributárias do mundo, exatamente para ter os 3 direitos constitucionais básicos (Saúde, Educação e Segurança) garantidos...e não temos garantia nenhuma - a nossa Saúde está um SALVE-SE SE PUDER; a nossa Segurança um SALVE-SE QUEM PUDER; e a Educação não tem Escolas suficientes para atpender a demanda populacional. Aí os governos incompetentes ficam bolando ideias aleatórias para resolver o problema, que foi a falta de planejamento por décadas disso tudo. Recentemente o prefeito Pivetta deu a sua opinião: de ter é uma Parceria-Pública-Comunitária, em vez da PPP. Basta conversar com o CREA-MT; o CAU-MT; a Escola Técnica; o 9º Nono BEC; e outros Órgãos que entendem de Engenharia e Arquitetura...e solicitar que façam "Modelos de Escolas de ALTA EFICIÊNCIA e BAIXO CUSTO", para serem selecionados os melhores. O Engenheiro e/ou Arquiteto que apresentar o melhor projeto de uma Escola bem planejada, e cuja construção e manutenção seja mais barata, ganha um prêmio por ter contribuído com a sociedade toda. Em cima do projeto vitorioso, serão alocados recursos financeiros, e o próprio projetista poderá acompanhar toda a obra, do começo ao fim. Essa ideia é mais ou menos como diz a Bíblia...dai o dízimo, só que dízimo não é só dinheiro, é obra física também. Se os arquitetos e engenheiros pensarem que, um seu filho, ou neto, ou da futura geração, possa vir a estudar numa dessas Escolas que projetou com amor, verá que contribuiu muito para formar os futuros cidadãos...e melhorar o Brasil, Mato Grosso.
Henrique 12/06/2016
Senhores, o discurso é frágil e com certeza abre precedente para a privatização. Tal afirmação não sou eu que faço, e sim a trajetória do PSDB confirma isso. O que me surpreende é os senhores insistirem em um discurso que já foi rechaçado pela sociedade matogrossense, não caiam na mesma vala do discurso do VLT e das OSS na Saúde. Só tenho uma curiosidade que ainda não foi satisfeita e com certeza, os senhores, intelectuais e mentores do projeto saberão responder: Gostaria de saber qual é o peso do prédio (alvenaria) no aprendizado do aluno? Qual é a influencia do profissional terceirizado na formação de nossos alunos? E por que entre tantas prioridades para a Educação de Mato Grosso os senhores priorizaram justamente essa?
3 comentários