As primeiras folhas da ordem de prisão, assinada pela magistrada Selma de Arruda atendendo o pedido do Ministério Público Estadual (MPE) e a Delegacia Fazendária, afirmam que R$ 1,7 milhão da propina arrecadada nas fraudes envolvendo o Auto Posto Marmeleiro Ltda. foi usada para pagar dívidas da campanha da campanha eleitoral de 2012 para prefeito de Cuiabá.
Mayke Toscano/HiperNotícias
Na campanha de 2012 Lúdio era candidato a prefeito e Faiad a vice de Cuiabá
Esse montante seria destinado para a coligação encabeçada pelo ex-vereador Lúdio Cabral que tinha como candidato a vice o advogado Francisco Faiad.
Os detalhes da transação supostamente fraudulenta consta na decisão judicial que culminou nas cinco prisões da 5ª fase da Operação Sodoma, deflagrada nesta terça-feira (14) pela manhã.
Entre os presos está o advogado Francisco Faiad que foi candidato a vice de Lúdio em 2012. Outras quatro pessoas foram presas e nove conduzidas coercitivamente.
Segundo a denúncia do Ministério Público, as investigações evoluíram com as declarações dos colaboradores César Roberto Zílio e Pedro Elias Domingos de Melo, que apontaram as empresas Marmeleiro Auto Posto Ltda. e Saga Comércio e Serviço Tecnologia e Informática Ltda. como participantes do esquema criminoso, e que, durante a gestão de Silval Barbosa (atualmente preso), teriam sido utilizadas para o recebimento de vantagens indevidas através de desvio de recursos públicos por meio da Secretaria de Administração.
Pasta essa que foi comandada por Francisco Faiad, que nesta terça-feira foi preso. Além da SAD a Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana também estava envolvida no esquema, favorecendo a licitação para essas empresas.
Mayke Toscano/HiperNotícias
Denúncia aponta quanto foi pago para campanha e quanto foi deixado para campanha de 2014
Ao assumir a cadeira de secretário em janeiro de 2013, diz trecho do documento do Ministério Público, Faiad passou a fazer parte da organização criminosa. Dentre as missões recebidas por Faiad, uma delas era continuar o pagamento regular pelo fornecimento de combustível da empresa Marmeleiro Auto Posto Ltda., assim como sua manutenção como fornecedora de combustível para a frota de veículos do Estado de Mato Grosso. "Isso, de certa forma, valida a fraude à licitação no pregão já citado e a garantia das prorrogações de contratos de prestação de serviços de gerenciamento de combustível pela empresa Saga Comércio e Serviço Tecnologia e Informática Ltda.", diz o pedido de prisão.
Em contraprestação, Francisco Faiad teria recebido parte da propina que a empresa pagava à organização criminosa, no valor aproximado de R$ 192.000. O Ministério Público também imputa ao ex-secretário a conduta de ordenar a execução de um esquema para promover o desvio de receita pública que registrava e remunerava o consumo fictício de combustível nas melosas que compunham a patrulha da Secretaria de Transportes.
A denúncia deixa claro como ocorria a destinação da verba fraudulenta obtida através de propina cobrada às empresas que venciam as licitações. No período em que Francisco Faiad integrou a anização criminosa, o noticiado desvio de dinheiro público teve o seguinte destinário:
1 — R$ 1.700.000,00 (um milhão e setecentos miI reais): promoveu o pagamento de dívida de campanha eleitoral do ano de 2012 na qual ele, Francisco Faiad e Lúdio Frank Mendes Cabral, concorri argo de vice-prefeito e prefeito respectivamente, junto à própria empresa Marmeleiro no período de fevereiro a agosto de 2013.
2 — R$ 916.875,00 (novecentos e dezesseis mil oitocentos e setenta e cinco reais): no período de setembro a novembro de 2013, que foi destinado a formação de um caixa da futura campanha eleitoral do grupo político de Silval Barbosa no ano de 2014, grupo ao qual pertencia o investigado Francisco Anis Faiad, tanto que concorreu ao cargo de Deputado Estadual..
A Operação
Jessica Bachega/HiperNotícias
Lúdio Cabral está sendo ouvido nesta manhã de terça-feira (14) na Defaz
A Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso deflagrou na manhã desta terça-feira (14.02) 5ª fase da Operação Sodoma, que investiga fraudes à licitação, desvio de dinheiro público e pagamento de propinas, realizados pelos representantes da empresa Marmeleiro Auto Posto LTDA e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática LTDA, em benefício da organização criminosa comandada pelo ex-governador, Silval da Cunha Barbosa.
A investigação presidida pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública, cumpri cinco mandados de prisão preventiva, nove de condução coercitiva e nove de busca e apreensão domiciliar, nos estados de Mato Grosso, Santa Catariana e Distrito Federal.
Os mandados de prisão foram cumpridos contra os investigados: Valdisio Juliano Viriato, Francisco Anis Faiad, Silval da Cunha Barbosa, Sílvio Cesar Corrêa Araújo, Jose Jesus Nunes Cordeiro. Entre os conduzidos coercitiva para interrogatórios estão: Wilson Luiz Soares, Mario Balbino Lemes Junior, Rafael Yamada Torres, Marcel Souza de Cursi.
Os suspeitos são investigados em fraudes à licitação, corrupção, peculato e organização criminosa em contratos celebrados entre as empresas Marmeleiro Auto Posto LTDA e Saga Comércio Serviço Tecnológico e Informática LTDA, nos anos de 2011 a 2014, com o Governo do Estado de Mato Grosso.
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