O ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, que atuou como advogado do tenente-coronel José Henrique Costa Soares, em 2015, pode ter cometido quebra de sigilo profissional, conforme suspeita levantada pelo próprio militar em seu depoimento à delegada Ana Cristina Feldner. Ele alega que Taques era o único que sabia de seu problema pessoal, que fora utilizado pela organização criminosa para chantageá-lo.
De acordo com o depoimento do tenente-coronel, que é testemunha-chave na Operação Esdras, deflagrada na manhã desta quarta-feira (27), ninguém sabia de seus problemas pessoais, especialmente membros da Polícia Militar. Com isso, ele acredita que Paulo Taques, que era seu advogado em 2015, teria repassado as informações ao grupo criminoso, que utilizou a informação para chantageá-lo.
“Que o depoente está contando isso porque acredita que o próprio Paulo Taques pode ter levado essa situação de sua dependência química e a administração da empresa ao tal ‘grupo’, conforme acima dito e revelado pela Helen e o Cel. PM Lesco, mesmo porque o depoente não conhece ninguém na polícia militar que sabia, ou sabe, dessas situações, o que reforça sua suspeita”, diz trecho do depoimento.
O desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Orlando Perri, responsável pela investigação, disse que, “embora não haja prova direta de que foi Paulo Taques quem repassou ao grupo segredos recebidos na sua profissão de advogado, é alta a probabilidade de eles terem sido por ele revelados”.
Perri ainda sugere que a nomeação de Soares como escrivão do Inquérito Policial Militar (IPM), sobre o caso dos grampos, não teria sido uma coincidência, considerando que as transgressões confessadas pelo depoente à Paulo Taques eram fortes o suficiente para atrapalhá-lo profissionalmente.
“E há mesmo, repito, grandes probabilidades de que as transgressões do Ten.-Cel. Soares, os seus erros e faltas, foram desvelados pelo correr do reposteiro que guarda segredos profissionais. Fossem eles do conhecimento da Segurança Pública – e assim reconhece a testemunha – já teria sido, há tempos, punido exemplarmente, uma vez que não se trata de pecados tolerados em certas profissões. Mais interessante foi o uso dos segredos tão logo foi nomeado Escrivão do IPM. Não pode haver coincidência nesse caso. Aliás, nem tudo pode ser levado e considerado em nível de coincidência”, observou o magistrado.
Caso o tenente-coronel queira abrir representação contra Paulo Taques, o advogado poderá perder a licença da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que lhe concede autorização para trabalhar.
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