O presidente do Sindicato dos delegados de polícia (Sindepol), o delegado Wagner Bassil Júnior, deixou claro em entrevista concedida nesta terça-feira (16) que investigar é uma função exclusiva da Polícia Civil. “Não tem nem sentido a Polícia Militar ter acesso ao Guardião. É um acesso exclusivo, separado dessas instituições”, observou.
O Guardião é um sistema de interceptação telefônica utilizado pelo Polícias Civil e Federal, além do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), para investigações. As escutas são recursos legais, mas devem passar por um crivo até serem implantadas. Além disso, só podem ser solicitadas em último caso durante o processo investigativo.
A PM conseguiu acesso ao sistema por meio de um convênio estabelecido com a Secretaria de Segurança Pública (Sesp). Para o presidente do Sindepol, no entanto, não há razão para o acesso ao sistema por parte da Polícia Militar, uma vez que esta só tem a função de apurar crimes militares, cuja ocorrência é muito baixa.
“A Polícia Militar tem um acesso remoto ao Guardião do Gaeco. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública autorizou o acesso remoto para investigar crimes militares. Única e exclusivamente crimes militares”, observou o delegado. “Eles não têm função de apurar outros crimes, como tráfico de drogas e homicídios. Esses crimes competem à Polícia Civil, que faz esse papel com muito primor”, completou.
PM rebate
Para o presidente da Associação dos Oficiais de Mato Grosso (Assof), Tenente Coronel Wanderson Siqueira, não houve uso indevido do sistema. Ele defende também que a utilização do sistema pela Polícia Militar tem sido útil para os trabalhos da equipe, e que a interrupção do serviço trará prejuízos, unicamente, para a sociedade.
A fim de justificar a utilização das escutas telefônicas, o tenente coronel citou as operações que têm sido realizadas na região de Matupá (distante 695 km de Cuiabá). “Mediante trabalho de interceptação telefônica e do serviço de inteligência, a PM conseguiu evitar que a cidade de Matupá fosse tomada por uma orla de bandidos e aquela sociedade fosse prejudicada”, disse.
Um Inquérito Policial Militar (IPM) deverá ser instaurado pelo Ministério Público Estadual para apurar as denúncias de utilização irregular das escutas telefônicas. Segundo o comandante geral da Polícia Militar, coronel Jorge Luiz Magalhães, caso seja comprovada a veracidade dos fatos denunciados, os policiais envolvidos deverão ser julgados por crime militar.
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