Em depoimento à Polícia Federal, no último dia 15 de setembro, o deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) disse que esteve no gabinete do delator Silvio Cezar Correa Araújo, em 2014, para receber a parcela de uma dívida que o ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), tinha com ele.
Segundo o parlamentar, o peemedebista teria comprado sua mansão em Jurerê Internacional, Florianópolis (SC), por R$ 3,5 milhões. Parte desse valor já havia sido repassada e, no dia em que esteve na sala de Silvio Cezar, ele teria ido buscar o restante.
Na ocasião, Silvio Cezar gravou Gilmar Fabris em seu gabinete e, na delação premiada junto à Procuradoria-Geral da República (PGR), entregou o vídeo como prova de pagamento de propina aos deputados estaduais, que ficou conhecida como “mensalinho”, verba destinada a comprar o apoio e a governabilidade na Assembleia Legislativa.
“O declarante [Gilmar Fabris] confirma que estava ali (no vídeo) cobrando Silvio - que tinha ficado responsável de fazer a finalização do pagamento da residência comprada pelo então governador Silval Barbosa ( propriedade em Jurerê Internacional, Florianópolis/SC), no valor de R$3.500.000,OO”, diz trecho do depoimento obtido pelo HiperNotícias.
O deputado lembrou que, naquele dia e no vídeo, acabou não recebendo o dinheiro. “Na ocasião em que o declarante foi cobrar a dívida acima citada, não se encontrou e não se comunicou com nenhum outro deputado estadual, bem como nenhuma outra pessoa que aparece no vídeo mencionado”, completa outro trecho do depoimento.
Conforme o documento, o acordo com Silval para a venda da casa em Jurerê foi “de boca”.O ex-governador já havia pago, R$ 1 milhão pela mansão, por meio de um homem identificado apenas por Kaká, que seria dono de posto de gasolina na saída para Chapada dos Guimarães.
“O declarante recebeu uma ligação de uma pessoa chamada Kaká (cujo nome completo não sabe informar, mas sabe que ele é dono de posto, que fica na saída para Chapada dos Guimarães), o qual pediu para comparecer em seu escritório. Lá disse que o então governado tinha determinado o pagamento de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais); que o declarante [Fabris] tem quase certeza que ele pagou em cheque”.
Questionado, o deputado disse que Silval nunca havia lhe dito que o dinheiro utilizado para pagar a compra da casa seria oriundo dos esquemas de corrupção e cobrança de propina, que foram apontados em sua gestão.
“O declarante não acha estranho ter recebido o pagamento por meio de um terceiro. Até porque sempre teve o senhor Silval como fazendeiro da região de Matupá, rico, dono de empresas de rádio e de comunicação e, até então, esse era o conceito que tinha dele, de que era um homem sério e rico”, argumentou o deputado.
A casa em Jurerê está registrada em nome de Valdir Piran, dono de factoring. Fabris contou no depoimento que já havia vendido a mansão para o empresário, há pelo menos 10 anos, mas ele permitiu que o deputado continuasse usufruindo do local, mesmo tendo pago, à época, aproximadamente R$ 700 mil. O acordo entre eles ainda previa que Fabris poderia recomprar a casa futuramente, pagando apenas o preço original e a correção do INPC para Piran.
“[Fabris ]Poderia pagar apenas o valor originário acrescido da correção pelo INPC, pois Valdir não tinha interesse no imóvel. Apenas comprou para ajudar o declarante que não estava dando conta de terminar a casa, tanto é verdade que a casa continuou na posse do declarante, que a continuou usando com o compromisso de arcar com as despesas de manutenção do imóvel pois o comprador, como já disse, não tinha interesse de usá-la, e raras vezes, nesses anos todos, esteve na casa”.
Apesar de ter recebido R$ 1 milhão e ter comunicado Piran da venda da casa para Silval, o deputado também disse que não repassou o valor a Piran.
Fabris está preso desde o dia 15, acusado de obstruir a Justiça. Ele havia sido alvo de mandados de busca e apreensão no dia anterior, quando a PF deflagrou a 12ª fase da Operação Ararath, denominada Malebolge. Mas teria saído de casa com uma pasta antes mesmo dos mandados serem cumpridos. O parlamentar atualmente está no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC).
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