Ex-diretor de inteligência do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado, o coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, afirmou em depoimento à Corregedoria da Polícia Militar, que é comum as operações do Gaeco expandirem a quantidade de terminais telefônicos interceptados.
Disse também que, no decorrer das investigações, pode haver “equívocos não intencionais” dos analistas responsáveis pelos números grampeados. E por isso, não era raro haver decisões judiciais autorizando interceptações telefônicas com números de “terminais estranhos à devida operação”.
“No decurso de uma operação onde figuram inúmeras pessoas, os analistas que lidam principalmente com números podem, de forma não intencional, cometerem equívocos. Pode haver confusão de homônimos e é perfeitamente razoável em uma operação com interceptação telefônica o cometimento de erros relacionados a cadastro”, diz trecho do depoimento.
“Já ocorreu de promotor de Justiça inserir seu próprio terminal na representação, em razão do volume muito grande de operações que o Gaeco sempre conduz”, disse. Segundo o coronel, já houve decisões judiciais autorizando analistas já desligados das atividades do Gaeco a acompanharem escutas telefônicas.
Conforme o depoimento, quando esses erros eram detectados a correção era imediata. O Gaeco enviava ofício às Operadoras de Telefonia, solicitando a suspensão do desvio de chamada dos números interceptados erroneamente, de forma não intencional.
Lesco está preso desde 23 de junho no Batalhão de Operações Especiais (Bope), e até então era o chefe da Casa Militar. Depois da prisão, foi afastado provisoriamente, mas sem remuneração, pelo governador Pedro Taques (PSDB).
No Gaeco, o coronel era o chefe do cabo da PM Gerson Correa Júnior, com quem trabalhou desde 2009. Gerson é apontado como o operador do esquema de grampos telefônicos ilegais. Além de verificar o conteúdo das interceptações, Gerson produzia os relatórios e fazia os pedidos para a Justiça prorrogar ou incluir novos números no processo para serem grampeados. Quando saiu do Gaeco, o cabo foi nomeado na Casa Militar. Ele está preso desde o dia 23 de maio.
Lesco ainda confirmou que foi ele quem apresentou o cabo ao coronel Zaqueu Barbosa, que também está preso desde 23 de maio, para a operação contra policiais militares em Cáceres. Zaqueu, por sua vez, afirmou em depoimento que não fiscalizou integralmente o trabalho de Gerson, pois este gozava de plena confiança dos promotores do Gaeco e era o chefe do setor de monitoramento de telefone.
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