O promotor de Justiça Marcos Bulhões, chefe do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado, se diz perplexo e preocupado com a revelação de que um membro da inteligência do Gaeco também foi vítima do esquema clandestino e ilegal de interceptações telefônicas em Mato Grosso.
“Essa informação trouxe um estado de perplexidade. Estamos preocupados porque não sabemos com qual objetivo foi feita essa interceptação”, disse Bulhões.
O promotor reconheceu o risco imposto a informações privilegiadas sobre as operações, como possíveis vazamentos e antecipações da atuação do Gaeco para os alvos das investigações. “Certamente por ter ocorrido, mas não temos como saber”, completou.
Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), as escutas começaram em 1º de outubro de 2015 e o telefone grampeado era utilizado por uma oficial da Polícia Militar que atuava no Grupo. De lá para cá, o Gaeco trabalhou em quatro operações: Metástase, Chacal, Seven e Rêmora. Essa última investigava esquema de corrupção praticado dentro da atual gestão.
Bulhões descartou qualquer prejuízo jurídico para as ações decorentes dessas operações, uma vez que a produção de provas se dá durante o processo, com depoimentos e análise dos documentos apreendidos, por exemplo.
Nesta quarta-feira (24), Bulhões encaminhou ofício ao procurador-geral de Justiça, Mauro Benedito Pouso Curvo, e ao corregedor-geral do MP, procurador de Justiça Flávio Fachone, relatando os fatos.
“Solicitamos ao procurador-geral de Justiça que encaminhe as informações levantadas com urgência à Procuradoria-Geral da República, considerando que os fatos estão sendo investigados por lá.
Também informamos ao corregedor-geral que está sendo finalizada uma auditoria interna dentro do Gaeco e que o resultado será apresentado em breve para apreciação e adoção das providências cabíveis”, esclareceu.
O esquema de escutas ilegais foi viabilizado por meio da estratégia de “barriga de aluguel”, que é quando uma decisão judicial autoriza a interceptação telefônica de pessoas alheias ao processo em questão.
A ilegalidade foi denunciada à Procuradoria Geral da República (PRG) pelo promotor de justiça Mauro Zaque, em janeiro deste ano. Exatamente um ano e um mês após ter pedido demissão do cargo de secretário de Segurança Pública do Estado (Sesp).
Zaque alega que pediu exoneração do cargo após informar o governador o caso e ter exigido a exoneração do ex-secretário Paulo Taques, do comandante geral da Policia Militar de Mato Grosso, coronel Zaqueu Barbosa e de outros policiais e o governador não ter aceitado.
Já Pedro Taques nega que tenha tido conhecimento dos fatos e determinou ao secretário de Segurança Pública (Sesp), Rogers Jarbas, que investigue os fatos.
Na terça-feira (23), o juiz Marcos Faleiros da Silva decretou a prisão preventiva do ex-comandante da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Zaqueu Barbosa, e do cabo da PM Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior. Ambos estariam envolvidos no esquema clandestino de espionagem telefônica no estado, que veio a público há cerca de duas semanas.
A prisão dos dois, conforme o magistrado, busca garantir a ordem pública. Zaqueu é apontado como o mandante das ações militares de interceptações telefônicas, enquanto Gerson Júnior, o operador do esquema, responsável por produzir relatórios dos grampos ilegais.
Na decisão, Faleros ainda lembra que tanto Zaqueu quanto Gerson já exerceram funções dentro do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado, o Gaeco. Além disso, mesmo em meio ao escândalo, Gerson continua trabalhando na Casa Militar, local onde supeita-se que o “escritório clandestino de espionagem” tenha funcionado ou funcione.
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