A Delegacia Fazendária descartou qualquer relação direta entre o caso investigado na Operação Zaqueus e a denúncia apresentada pelo deputado Wilson Santos (PSDB) nas eleições municipais de 2016, quando ele disputou, em segundo turno, a prefeitura de Cuiabá contra o candidato eleito, Emanuel Pinheiro (PMDB).
No entanto, a atitude do tucano teve influência: o advogado Themystocles Ney de Azevedo de Figueiredo, que estava envolvido no suposto esquema investigado pela Operação, ficou com medo após ver a repercussão do caso do ano passado e resolveu contar tudo à Policia Civil.
O escritório dele foi usado para lavar o dinheiro da propina que teria sido paga pela Caramuru Alimentos S/A a agentes de tributos. Segundo as investigações, a empresa pagou R$ 1,8 milhão para três agentes.
Em troca, eles tiveram que diminuir o valor de um auto de infração contra a empresa. A multa era de R$ 65 milhões, mas o valor final do auto ficou em R$ 315 mil.
Conforme o secretário de Fazenda, Gustavo Oliveira, o auto de infração foi lavrado contra a Caramuru falta de comprovação de exportações e falhas em documentação da empresa.
Recentemente, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) cobrou informações sobre a tributação das empresas exportadoras. No entanto, o governo negou os dados, alegando sigilo garantido por lei ao contribuinte. O caso foi parar na Justiça, com vitória do Executivo.
A lavagem do dinheiro se deu por meio de um contrato de “consultoria” com o escritório do advogado Themystocles, que, por sua vez, repassava a propina aos agentes.
A Operação Zaqueus foi deflagrada nesta quarta-feira (03) e três agentes de tributos estaduais tiveram mandados de prisão cumpridos pela Polícia Judiciária Civil. São eles: André Neves Fantoni, Alfredo Menezes Mattos Junior e Farley Coelho Moutinho.
Em nota, a Caramuru Alimentos disse que “foi vítima de extorsão por parte de agentes públicos e adotou postura corajosa para colaborar com as investigações e corrigir irregularidades”. No entanto, a Polícia só confirma que a Operação foi originada a partir da confissão do advogado.
No ano passado, Wilson Santos fez uma denúncia contra a Caramuru, que acabou pautando o final da disputa eleitoral em Cuiabá. Segundo ele, a empresa teria recebido R$ 400 milhões em benefícios fiscais, “ad referendum”, sem passar anteriormente pela avaliação do Conselho de Desenvolvimento Econômico, o Cedem, que era presidido à época pelo então secretário de Indústria, Comércio e Mineração, Allan Zanata, indicado ao cargo por Emanuel Pinheiro e pelo senador Wellington Fagundes (PR), na época deputado federal.
O caso também é investigado, mas não guarda qualquer relação com a Operação desta quarta-feira.
Leia mais sobre a Caramuru:
Advogada nega propina e diz que recebeu R$ 2 milhões por serviços a Caramuru
Relatório da CGE e delação de advogado mostram devassa em esquema de propina
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.