O ex-secretário-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, contou em depoimento à Corregedoria da Polícia Militar, no último dia 4 de julho, que emprestou R$ 24 mil para o cabo da PM Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior, em abril de 2015.
Na ocasião, Gerson teria dito que estava participando do desenvolvimento de um sistema criado pelo também cabo da PM Euclídes Torezan, com quem trabalhava no Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado, o Gaeco. A ferramenta ainda contava com o apoio de um civil identificado como Sr. Marilson.
Todos os três membros da corporação militar estão presos por suposto envolvimento em um esquema clandestino de interceptações telefônicas em Mato Grosso.
Lesco disse ainda que emprestou o dinheiro por acreditar que a “solução tecnológica era não intrusiva”, ou seja, que dependeria de uma decisão judicial direcionada às operadoras para interceptar as chamadas telefônicas. Dessa forma, para Lesco, a ferramenta era legal.
Ele justificou o empréstimo também por perceber que Gerson estava buscando “melhorar as suas condições de remuneração e melhor a dignidade da vida de sua família e prosperar a sua vida social”. O grupo acreditava que o sistema tecnológico, posteriormente batizado com Sentinela, encontraria um mercado muito promissor.
Segundo Lesco, Gerson era de sua total confiança e sempre procurava o coronel. O cabo, inclusive, “sempre esteve no convívio da família” de Lesco. Os R$ 24 mil foram emprestados por meio de cheque.
Mas, apesar da proximidade, o cabo não teria dito ao coronel como iria, efetivamente, utilizar o dinheiro. Entre agosto e setembro de 2015, Gerson voltou a pedir dinheiro emprestado a Evandro Lesco.
O cabo argumentou que estava passando dificuldades financeiras para manter o escritório onde estudava e fazia peças como advogado. Nessa época, o novo valor emprestado foi de R$ 2,4 mil. E dias depois, segundo o depoimento do próprio coronel, Lesco emprestou mais R$ 1 mil para Gerson. Conforme o coronel, Gerson nunca detalhou como iria empregar o dinheiro.
De acordo com as investigações Gerson, no Gaeco, gozava de plena confiança dos promotores e era o chefe do setor de monitoramento de telefone. Além de verificar o conteúdo das interceptações, Gerson produzia os relatórios e fazia os pedidos para a Justiça prorrogar ou incluir novos números no processo para serem grampeados.
O cabo é apontado como o operador do esquema ilegal de grampos clandestinos e foi preso em 23 de maio, juntamente com o coronel Zaqueu Barbosa. Segundos as investigações, o “escritório de espionagem” funcionava na sala que o cabo mantinha.
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