A criança de dois anos e nove meses, que morreu na sexta-feira (11) após ter ingerido saco plástico e terra, estava há 29 dias sem ir à creche municipal Colomba Cacélia Lombardi Dorileo, onde costumava ficar em período integral, no bairro Jardim Imperial II, em Cuiabá.
De acordo com informações da diretoria da própria unidade escolar, o pequeno Adriano Crispim de Oliveira compareceu às aulas no último dia 13 de julho e foi embora após a professora notar que ele estava um "pouco febril". No entanto, nenhuma atitude foi tomada pelo município ao verificar que a criança estava afastada há quase há 30 dias da creche.
Segundo a coordenadoria da creche, nos últimos dias em que foi à escola, o menino não demonstrou nenhum comportamento diferente e se alimentava igual a todas as outras crianças. Na lista de presença da unidade de ensino, consta que Adriano foi até a creche no dia 13 de julho, mas a sua mãe foi busca-lo ao ser informada que o menino não estaria bem.
“No dia 13 de julho, uma quinta-feira, a mãe dele o levou para a casa, pois ele estava muito febril e no dia 14, ele já não compareceu as aulas. Na segunda-feira (17), nós entramos em recesso escolar e voltamos no dia 24 e ele já não compareceu mais. Nesse mesmo dia, a sua mãe veio até a nossa creche e disse que estava cuidando dele em casa”, contou uma funcionária da unidade que preferiu não se identificar.
O menino morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Pascoal Ramos. A morte foi registrada na sexta-feira (11). No dia seguinte, médicos que atenderam a criança confirmaram que o motivo da morte aconteceu por falta de responsabilidade e cuidados dos pais. "Com certeza isso caracteriza maus-tratos", disse uma médica.
No estômago do menino havia pedaços de plásticos e terra. Entre as unhas também haviam sinais que ele raspava os dedos na parede para comer sobras de tinta.
Após a matéria noticiada em primeira mão pelo HiperNotícias, a Delegacia de Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente (Deddica) abriu um inquérito para apurar a conduta da mãe e dos professores da escola. Na tarde de segunda-feira (14), a mãe da criança prestou depoimento, em Cuiabá.
“Nós próximos dias vamos ouvir os médicos que atenderam a criança e os professores da creche. Mas, ainda é muito cedo para dizermos qualquer coisa. Vamos aguardar as investigações”, disse um policial.
O caso
Tudo começou na manhã de sexta-feira, quando o menino começou a sentir dores na casa da vizinha onde fica. A mulher chamou o irmão maior de 18 anos para leva-lo até uma unidade médica.
Imediatamente, o rapaz saiu do trabalho e foi até a sua casa buscar o seu irmão e o levou para a UPA do Pascoal Ramos. De acordo com uma fonte do HiperNotícias, o menino chegou a unidade médica com o estômago inchado e com sinais claros de desnutrição.
Neste momento, a mãe da criança foi chamada, mas disse que não estava preocupada e que não queria ir à UPA para ver o estado de saúde do seu filho.
No entanto, o Conselho Tutelar da região foi acionado e encaminhou a mulher até o hospital. No endereço, a mulher foi informada que seu filho não resistiu aos sintomas e acabou morrendo.
“Quando ela foi informada da morte do filho, ela simplesmente começou a rir. Não se mostrou nenhum pouco preocupada com a morte do filho. Em todo o meu tempo que trabalho aqui nunca tinha visto isso. Foi uma coisa de outro mundo”, disse uma funcionária da unidade hospitalar.
O corpo do menino foi encaminhado ao Hospital Júlio Muller para exames de necropsia.
O Conselho Tutelar e a Polícia Civil foram acionadas para atenderem o caso que será investigado pela Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica).
Outro lado
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação disse que já tomou conhecimento do caso e que já tomou todas as providências cabíveis do caso.
Leia a nota na íntegra
“A Secretaria Municipal de Educação (SME) informa que teve conhecimento do fato e já tomou as providências cabíveis.
A creche foi informada pela mãe do aluno, que ele estava febril e ficaria sob seus cuidados e assim que melhorasse retornaria às aulas. Assim que a creche recebeu a informação, registrou todo o ocorrido em ata e seguiu no aguardo pela melhora e o retorno da criança.
Ressaltamos que destes 29 dias corridos, retira-se um total de 09 dias, referentes ao período de recesso escolar da creche (iniciado em 15 de julho e encerrado em 23 de julho).
Conforme citado, a unidade escolar continuava aguardando pela melhora da criança e a volta às aulas, conforme explicado pela mãe.
Além disso, a unidade também fez contato com a mãe, perguntando sobre o estado de saúde da criança, ao perceber sua ausência, mesmo depois que as aulas foram retomadas do recesso.
Cabe frisar que a criança em questão estava adoentada e esta informação foi passada para a unidade escolar, portanto não há motivos para que a mesma pudesse perder a vaga na creche, uma vez que é direito garantido pelo município, ter acesso aos estudos, ainda que isso tenha sido interrompido por motivos de doença.
No mais, a SME reforça que irá informá-los sobre os desdobramentos futuros desta situação caso seja necessário”.
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