Pedreiro aceitou ser laranja de esquema para receber dinheiro para tratar câncer da mãe

JESSICA BACHEGA

O pedreiro Sebastião Faria afirmou que ficou sabendo do envolvimento do seu nome na Sodoma por meio da imprensa. E contou que assinou, sem ler, os papeis dados pelo empresário Filinto Müller, operador de um dos esquemas revelados pela Operação. Sebastião foi usado como laranja na criação da empresa SF Assessoria e Organização de Eventos, usada para desviar cerca de R$ 15 milhões dos cofres do Estado.

Jessica Bachega

Pedreiro Sebastião Faria contou que recebia o valor em uma conta bancária de Cáceres

Sebastião disse que conheceu Filinto quando trabalhava fazendo manutenção com um primo. Ele cedeu o nome, assinando os papeis, e em troca recebia dinheiro que precisava para comprar os remédios da mãe, que tratava um câncer na época. O acordo durou cerca de um ano, e, no total, Filinto Müller contribuiu com aproximadamente R$ 1 mil mensais para o tratamento de saúde da mãe do laranja, que morreu em 2015.

A mesada era depositada na conta corrente do Banco do Brasil de Cáceres, cujo titular é um amigo da família, ou entregues pessoalmente, de Filinto para Sebastião, em Capital. Além da ajuda financeira, Sebastião Faria afirmou também ter recebido R$ 10 mil de Filinto, na ocasião da morte de sua mãe. O dinheiro, segundo ele, foi gasto nas despesas com o funeral.

Segundo o pedreiro Sebastião Faria, Filinto nunca disse qual era o objetivo da SF Assessoria. As informações foram dadas em entrevista à imprensa, na tarde desta segunda-feira (24), após ser dispensado da audiência de instrução do processo da Sodoma.

A empresa foi usada para desviar recursos no processo de desapropriação do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). A Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) investiga o caso. Filinto é colaborador na ação penal oriunda da Operação Sodoma 4, que tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.