O empresário Marcos Tolentino afirmou, em seu acordo de colaboração premiada firmado junto ao Ministério Público Federal (MPF), que o ex-deputado estadual e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sérgio Ricardo de Almeida, queria instalar uma torre de TV 'ostentação'.
Hugo Dias/HiperNotícias
Sérgio Ricardo está afastado do cargo desde setembro de 2017
Em sua colaboração referente à Operação Ararath, Tolentino afirmou que, em abril de 2011, se reuniu com o então deputado estadual, em um hotel de São Paulo e que Sérgio Ricardo disse que tinha a intenção de construir uma grande torre para a TV Mato Grosso, adquirida pelo conselheiro afastado do empresário paulista.
Sérgio Ricardo pediu, por conta do conhecimento técnico de Tolentino, para que ele analisasse o projeto que seria enviado por e-mail. O conselheiro afastado pediu que ele avaliasse a parte técnica do projeto, caso a aprovasse, e que ela deveria ser faturada em nome da Rede Mundial de Televisão.
"O declarante estranhou a fala de Sérgio Ricardo ao ponderar que, com a aprovação do declarante, a torre deveria ser faturada em nome da Rede Mundial de Televisão, justificando que a emissora ainda não estava transferida para o nome de Sérgio Ricardo. Que o declarante explicou a Sérgio Ricardo que a torre de televisão a ser construída não tinha nenhuma vinculação com a transmissão ou com quem detém a outorga, mas que ainda assim, Sérgio Ricardo insistiu, mas o declarante posicionou-se contrariamente", diz trecho da delação.
Tolentino revelou que, mesmo assim, Sérgio Ricardo, por meio do irmão Márcio Almeida, enviou propostas comerciais referentes à fabricação e montagem da estrutura metálica para a torre autoportante, que teria 130 metros de altura. O projeto seria elaborado pela Multimetal.
A empresa, de propriedade de Altair Baggio e Guilherme Lomba de Mello Assumpção, já teve Janete Riva, esposa do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) como sócia. A Multimetal foi subcontratada pelo Consórcio VLT, responsável pelas obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ao valor de R$ 11,5 milhões. Coube também à empresa a instalação da torre da TV Assembleia.
A torre
Marcos Tolentino afirmou que tomou conhecimento de que Sérgio Ricardo queria investir cerca de R$ 600 mil na construção da torre de TV. O empresário, então, alertou o então deputado que, além do valor, estar acima do mercado, seria desnecessária uma torre com o porte que ele pretendia, para ser utilizada apenas por um canal e na cidade de Cuiabá.
"O declarante, nesta mesma oportunidade, ponderou a Sérgio Ricardo que o ideal seria a construção de uma torre com a mesma altura, autoportante, que seria possível ainda ter duas ou três antenas de emissoras, investindo no máximo R$ 120 mil, que era o que o declarante vinha pagando na construção de suas torres", disse o empresário em sua colaboração.
Na sequência, Tolentino destaca que, por conta disso, percebeu que o intuito do ex-deputado e conselheiro afastado do TCE era "ostentar", já que com apenas 25% do investimento, teria construido uma torre com capacidade para suprir a demanda necessária de retransmissão.
"Não tem justificativa técnica para a construção de uma torre com tamanho investimento e quantidade de ferro que não fosse ostentar, pois com um quarto do preço, Sérgio Ricardo teria construído uma torre de TV com qualidade e capacidade para suprir a necessidade da transmissão, podendo ainda, alugar para duas ou três emissoras", conclui.
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