Delator afirma que 25% da propina de desvios na Seduc eram destinados ao presidente da AL

O empresário Giovani Guizardi, delator na Operação Rêmora, afirmou em seu depoimento que o presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), Guilherme Maluf, ficava com 25% dos valores recolhidos na cobrança de propina dos empresários que prestavam serviços a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). 

O conteúdo do depoimento revelado pelo site Repórter MT na tarde desta quinta-feira (01). Os citados na delação negam a participação.

ReproduçãoHiperNoticias

 Juíza Selma e, no quadro, Giovani Guizardi

A juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane de Arruda, confirmou a existência de acordo de delação premiada firmando entre o réu Giovani Guizardi e o Núcleo de Ações de Competência Originárias da Procuradoria Geral de Justiça (Naco), já homologado na segunda instância. O acordo é sigiloso. A delação foi confirmada nesta quinta-feira (1).

Conforme apurou o site Repórter  MT, outros 25% eram destinados para o ex-secretário da Pasta, Permínio Pinto, que está preso e 25% encaminhado para empresário Alan Malouf, que também é investigado na Operação Sodoma 4.

O valor restante era dividido entre os servidores Fábio Frigeri e Wander dos Reis, que ficavam com 5%. Já Guizardi, que era responsável por intermediar as cobranças entre o grupo de servidores e os empresários, recebia 10% dos valores arrecadados.

De acordo com o site Repórter MT, Guizardi afirmou que os 5% restantes eram direcionados para a manutenção das despesas do grupo.

Na delação, o empresário afirma que Guilherme Maluf era quem exercia poder dentro da Secretaria.

Ainda conforme o site, Guizardi contou que a sua esposa é prima do empresário Alan Malouf e este foi responsável por inseri-lo no esquema.  

Maluf disse a ele que tinha costume de financiar campanhas eleitorais para depois obter vantagens junto ao Estado. 

Na noite desta quarta-feira (30), Guizardi foi transferido da sede do Serviço de Operação Especiais (SOE) para sua casa em um condomínio de luxo da capital.

Guizardi foi preso no dia 3 de maio na primeira fase da Operação Rêmora, que investiga as fraudes nas licitações da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). 

Outro réu no processo, Fábio Frigeri, também não descarta a opção. A advogada do ex-assessori especial da Seduc,  Michele Marie de Souza,  afirma que no momento este não é o  pensamento da defesa, mas “tudo pode acontecer no decorrer do processo”,  salientou.

Frigeri é acusado de compor o grupo de agentes públicos que agiam na promoção de fraudes em licitações da Seduc.

As audiências de instrução e julgamento da Operação Rêmora tiveram início no mês de novembro e Frigeri tem acompanhado todas. 

Testemunhas de acusação arroladas pelo MPE já foram ouvidas. Inclusive o empresário Ricardo Augusto Sguarezi, da Construtora Aroeira, que em seu depoimento ao Gaeco em maio disse que não havia pago propina ao grupo, mas que no interrogatório desta semana voltou atrás e afirmou ter mentido.

Disse que pagou o dinheiro que o grupo cobrou para que tivesse os valores de suas obras liberados.

O promotor que acompanha o processo, Marcos Bulhões, foi questionado sobre a condição de Sguarezi após a revelação de que mentiu, porém o representante do MPE preferiu não comentar o fato.

A audiência na qual os delatores Guivani Guizardi e Luiz Fernando Rondon serão interrogados está marcada para o dia 12 de dezembro. Já  o ex-secretário Permínio Pinto e os ex-superintendentes de Infraestrutura da Seduc, Wander dos Reis e Moisés Dias, serão ouvidos no dia 15.

Fábio Frigeri e Juliano Haddad terão seus interrogatórios no dia 16.

Operação Rêmora

O grupo investigado pelo MPE era dividido entre de agentes públicos, de operações e de empresários. Em maio foram presos os servidores Fábio Frigeri, Wander Reis e Moises da Silva. Este dois últimos já foram liberados e estão sob monitoramento, além de Guizardi.

Em 20 de julho foi deflagrada a segunda etapa da operação, chamada Locus Delict, na qual foi preso o ex-secretário Perminio Pinto. Ele é acusado de ser o líder da organização criminosa e está preso no Centro de Custódia da Capital (CCC), desde então.

Reporter MT

 

Veja a íntegra da nota do deputado Guilherme Maluf:

Em relação às publicações nos veículos de comunicação à respeito da colaboração premiada de Giovani Belatto Guizardi, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Guilherme Maluf (PSDB), afirma que:

Não participou de nenhuma eventual irregularidade cometida na Secretaria de Educação (Seduc).

Tomará as providências cabíveis assim que a sua assessoria jurídica tiver acesso aos autos do processo e teor das denúncias.

Afirma que confia na justiça e que ficará comprovado de que não teve participação em qualquer irregularidade.

Leia a nota do governo do Estado:

?????Diante das notícias trazidas a público nesta quinta-feira (01.12) pela imprensa sobre suposta “delação” do réu na operação Rêmora, Giovani Belatto Guizardi, o Governo de Mato Grosso esclarece:

01)    O governador Pedro Taques tomou as medidas que lhe competiam - quando da deflagração da Operação Rêmora (que apura eventuais crimes contra o patrimônio público na Secretaria de Estado de Educação - Seduc) -, exonerando e/ou afastando todos os servidores públicos denunciados, inclusive o ex-secretário de Educação. Tal medida, por si só, demonstra a firmeza do governador e do Governo no combate à corrupção e na apuração de qualquer denúncia que envolva atos de improbidade no âmbito do Governo do Estado de Mato Grosso;

02)    O governador lamenta o envolvimento de seu nome no caso, refuta com veemência qualquer tentativa de envolve-lo em qualquer ato ilegal, uma vez que jamais tratou com quem quer seja de nenhum assunto relacionado à investigação;

03)    Pedro Taques lamenta, ainda, que pessoas do seu convívio pessoal, político ou partidário possam estar envolvidas em malfeitos, e reitera seu entendimento de que ninguém está acima da lei e apoia investigação para que, ao final, comprovados os fatos denunciados, todos os envolvidos sejam punidos com o rigor da lei.

04)    O governador reitera o que já disse em outras situações, de que a prestação de contas da sua campanha eleitoral de 2014 foram aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral, e que por essa razão, repudia toda e qualquer tentativa de envolvê-lo em qualquer ato ilegal, prática que ele sempre combateu ao longo da sua vida, especialmente nos 15 anos nos quais atuou como Procurador da República.


Cuiabá-MT, 01 de dezembro de 2016.

GCOM – Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso

Leia nota divulgada pelo empresário Alan Malouf:

Em relação às notícias veiculadas nesta quinta-feira (01) referentes ao termo de declaração de Giovani Guizardi que foi encaminhado à imprensa, vimos a público prestar alguns esclarecimentos.
 
Mesmo ainda não tendo acesso aos autos, é importante ressaltar que Alan Malouf nunca foi líder de nenhuma organização criminosa.
 
A defesa do empresário vai aguardar ter acesso aos autos para se manifestar de forma transparente, uma vez que considera absurdas as acusações.
 
Reiteramos, também, que Alan Malouf está à disposição das autoridades competentes para prestar as informações necessárias, acreditando, sempre, na Justiça.

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