O Grupo de Atuação Estratégica da Diversidade Sexual e de Gênero (Gaedic) da Defensoria Pública de Mato Grosso encaminhou um ofício ao bispo diocesano do município de Diamantino, Dom Vital Chitolina, solicitando uma reunião para debater a atitude do padre Paulo Antônio Muller, diante das declarações homofóbicas feitas durante uma missa online no dia 13 de junho.
Durante a missa em Tapurah, o padre Paulo Antônio Müller chamou o repórter Pedro Figueiredo, da TV Globo, de ‘viadinho’. O jornalista havia recebido no dia anterior, Dia dos Namorados, uma declaração do marido, Erick Rianelli, durante o programa RJTV. Rianelli também é funcionário da emissora.
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O coordenador do Gaedic Diversidade Sexual e de Gênero, Vinicius Hernandez, afirmou que as declarações do padre, além de homofóbicas, está em desacordo com uma das principais funções da Igreja, a de garantir a dignidade humana.
“Transcrevemos a íntegra da fala do pároco para evidenciar que nem a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, nem a Igreja Católica Apostólica Romana podem pactuar com a disseminação do ódio entre os seres humanos, principalmente, ao considerar que uma das prerrogativas de ambas as Instituições é a defesa dos vulneráveis”, diz o ofício.
O defensor registra ainda que as declarações do padre incitam a violência e passam do bom senso, além de ferir as leis e o direito fundamental da dignidade da pessoa humana. “A homotransfobia é considerada crime, não podendo a Igreja Católica, por quaisquer de seus representantes, ferir o ordenamento jurídico”.
“De acordo com o conteúdo do documento, que foi lido na presença do Papa Francisco, foi possível notar uma inovação em relação ao atual tratamento dado a homossexuais, segundo Bruno Forte, secretário especial do sínodo: ‘Devemos respeitar a dignidade de cada pessoa. O fato de ser homossexual não significa que esta dignidade não é reconhecida e promovida. A ideia central é a promoção da pessoa independente de sua orientação sexual”, completou Vinicius.
O defensor pede que o ofício seja respondido, o mais breve possível, para que uma solução conjunta seja discutida e solucione o impasse, “sendo a solução não limitada a valores indenizatórios, mas focada em atitudes que tragam retorno social positivo”.
Na última semana, o Ministério Público Estadual (MPMT) afirmou que abrirá um procedimento investigatório para apurar as declarações do padre. "As declarações efetuadas pelo padre extrapolaram a liberdade religiosa e que podem até mesmo resultar na propositura de medidas extrajudiciais, de ação civil pública por dano moral coletivo causado à sociedade, bem como ação penal, por eventual crime cometido".
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