Na quarta-feira (26), dia em que foi comemorado o Dia dos Avós, para a faxineira Rosalina Ferreira do Prado, 57 anos, a data foi de tristeza e desespero. Ela cuida sozinha de seus quatro netos e, ontem, o Ministério Público Estadual (MPE) determinou que os gêmeos de dois meses fossem encaminhados para a Casa Lar. O promotor de Justiça, José Antônio Borges Pereira, da Promotoria de Infância e Juventude de Cuiabá, considerou que as crianças estavam em situação e risco e pediu o recolhimento.
Desesperada a avó fez um apelo ao Estado para que a ajudasse a ter os netos de volta e questiona, ainda, porque não levaram as quatro crianças, já que todos moram na mesma casa e estão na mesma condição.
“Pessoal do Estado, me ajuda. Traz meus netos de volta. Por que o conselho tutelar não pegou meus netos quanto saíram do hospital. Eles trouxeram eles para dentro da minha casa para eu cuidar”, apela Rosalina em vídeo publicado pelo site Gazeta Digital.
A idosa cuida sozinha dos quatro netos, pois a mãe das crianças é dependente química e agressiva com ela e com as crianças maiores. Por isso saiu de casa. A renda da família vem da faxina que a avó faz e de vizinhos que contribuem com doações. A história da família ficou conhecida após vários veículos produzirem reportagens com a mulher para que conseguissem produtos para o sustento da família.
O MPE foi procurado e informou que a denúncia de que os bebês estariam em situação de risco foi encaminhada ao órgão pelo Conselho Tutelar. Diante do comunicado, o promotor pediu que a juíza Glenda Moreira Borges, da Primeira Vara Especializada da Infância e Juventude, autorizasse que fosse emitida a Guia de Recolhimento dos menores.
A solicitação foi atendida e as crianças encaminhadas para a Casa Lar. Conforme o MPE, apesar do sofrimento da avó, é preciso garantir a segurança das crianças, que foram encontradas em situação precária pelos conselheiros.
Um dos bebês tem intolerância à lactose outro estava com chiado no peito. Além disso, as crianças estavam com o corpo coberto de picadas de insetos e a casa acumulada muito entulho, além de sujeita.
“Precisamos garantir a segurança das crianças que ainda não sabem falar e não podem contar sobre a situação vivida”, informou a assessoria no MPE.
O órgão informou, ainda, que as outras duas crianças maiores não foram recolhidas por o MPE precisa ser provocado para agir e o pedido para retirar a criança da guarda da avó foi feita somente para os bebês.
As crianças estão abrigadas preventivamente na Casa Lar e a avó pode requerer a guarda dos netos que não estavam oficialmente sob sua responsabilidade.
A medida visa também que não haja a “adoção a brasileira”, que é quando terceiros requerem a guarda do menor. Pois, como foi constatado, quem cuidava das crianças eram os vizinhos e poderiam no futuro tentar registrar os menores como seus.
O recolhimento das crianças não é uma decisão definitiva e a juíza da Vara da Infância irá avaliar a situação e definir as próximas medidas a serem adotadas.
Veja vídeo com apelo da avó
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