As vítimas de estelionatários geralmente estão em dificuldades financeiras e acreditam que a proposta feita pelos golpistas pode ser a solução para suas dificuldades. “Os estelionatários têm o dom de enganar”. Esse é o relato do promotor de Justiça Samuel Frungilo, que acompanha o processo da Operação Castelo de Areia.
Alan Cosme/HiperNoticias
Promotor Samuel Fringilo, responsável pela acusação da Operação Castelo de Areia
No entanto, segundo o promotor, as "vítimas perderam seu ganha pão", após golpe de grupo criminoso.
O alvo da Operação Castelo de Areia, aqui debatido pelo promotor Frungilo, é um grupo criminoso, supostamente liderado pelo ex-vereador João Emanuel, que aplicava golpes oferecendo empréstimos milionários a juros atrativos e a longo prazo. Em contrapartida, para efetivar o empréstimo, o grupo exigia um depósito por parte das vítimas. Assim que o dinheiro era repassado ao grupo, os golpistas desapareciam.
Conforme Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil, há registros de vítimas em Mato Grosso e em outros Estados.
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Edson Vieira afirma cedeu cheques no valor de R$ 50 mihões para o grupo criminoso
“A pessoa se vê naquela situação com a crença que vai crescer e angariar os valores que necessita. Quem vê de fora pode até se espantar com o fato da pessoa ter acreditado em determinadas propostas, com valores tão elevados”, ressalta o promotor.
As observações do promotor atendem ao questionamento sobre o depoimento da vítima Edson Vieira, que alega ter tido grandes prejuízos com os contratos de empréstimo firmado entre ele e o Grupo Soy. Esse era o nome fantasia da empresa fantasma que ofereciam empréstimos milionários, mas que nunca foram depositados.
Edson, a vítima em questão, emprestou 40 folhas de cheques a João Emanuel, que somavam R$ 50 milhões. Os cheques foram suspensos antes que fossem descontados, pois a vítima percebeu o golpe e buscou o banco para o cancelamento.
A vítima relatou em audiência na Sétima Vara Criminal, que atua na área de construção civil há 20 anos. Tendo começado como servente de pedreiro e fundado sua empresa Criativa Construções no ano de 2011.
Na audiência, ele relatou que após o golpe perdeu seu carro, uma moto, crédito junto a bancos e demitiu os 12 funcionários de sua empresa. Segundo o profissional, desde então ele não consegue trabalho. “Eu estou a pé hoje e não tenho mais conta em banco por causa dos cheques que tive que suspender. Não consegui mais contratos”, relatou durante a audiência.
Em depoimento Edson afirmou que não pesquisou quem era João Emanuel antes de assinar o contrato para a construção de um empreendimento no Amazonas que seria vendido para americanos. A obra custaria cerca de R$ 7 bilhões, no qual lucraria cerca de R$ 170 milhões. Seu investimento seria de R$ 50 milhões.
“O estelionatário aborda pessoas que estão em desespero, desorientadas, com muitos problemas. Isso não é tão incomum. Há pessoas que nem chegam a registrar o boletim de ocorrência por vergonha, quando ela vê que se deixou levar por uma história. Claro que não é este o caso, pois aqui foram valores muito altos”, informou o promotor.
Questionado sobre a capacidade de pagamento das empresas que contraíram os empréstimos, Frungilo informou que o ponto não foi investigado. “O que houve foi que os cheques foram repassados e que pessoas foram prejudicadas com a ação. Algumas perderam seu ganha pão”, frisou o promotor.
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