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Terça-feira, 12 de Junho de 2018, 10h:07

Delegado diz que sindicato é movido por paixão ao não reconhecer erro em laudo

LUIS VINICIUS

“O sindicato está agindo com paixão e sabe-se lá com que tipos de interesses”,afirma o delegado Cristian Cabral, da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (Deletran),  após ser acusado pelo do Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais de Mato Grosso (Sindpeco) de ter agido ilegalmente ao solicitar um laudo à empresa particular.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

delegado cristian cabral

 

Ao HiperNotícias, o policial revelou que a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) é uma instituição séria e comprometida com a verdade. No entanto, afirma que os sindicalistas “defendem cegamente” o laudo pericial em que, segundo o delegado, possui erro na velocidade de impacto.

 

A polêmica começou após a Politec emitir um laudo declarando que o carro dirigido pela dermatologista Letícia Bortolini, de 37 anos, estava a 30km/h, ao atropelar o verdureiro, Lúcio Francisco Maia, de 48 anos. Diante disso, Cabral solicitou que o Laboratório Forense Lab Perícias e Consultoria realizasse um outro exame, que constatou uma velocidade de 95 km/h. Valor três vezes maior do levantado pelos peritos.

 

Na tarde de segunda-feira (11), o Sindpeco convocou uma coletiva com os jornalistas, onde acusou o delegado de ter agido ilegalmente ao pedir laudo a laboratório particular, antes que a Politec concluísse o relatório. Pois, conforme os peridos, o material divulgado é parte do documento e não foi concluisivo quanto a velocidade no momento do impacto.

 

“O Sindicato dos Peritos Criminais está agindo com paixão e sabe-se lá com que tipo de interesses. O que eu senti é que a instituição Politec está preocupada em revelar esse laudo com precisão, com verdade, com lisura e com transparência. Ao contrário do sindicato que defende cega e apaixonadamente aquele laudo originário que infelizmente foi equivocado na parte que fala da velocidade de impacto. O laudo tem muitas informações corretas, de relevo, mas na hora que ele fala da velocidade de impacto, o perito foi infeliz e errou. Mas o sindicato com paixão não aceita isso”, explicou o delegado à reportagem.

 

Cabral disse que os sindicalistas foram insensíveis ao convocar a coletiva de imprensa apenas para criticá-lo e não para apontar os erros presentes no laudo feito pela própria instituição.

 

“Se os peritos tivessem sensibilidade e seriedade teriam convocado coletiva para esclarecer os pontos controvertidos do laudo do local. Eles tinham que esclarecer que mesmo o laudo falando da ausência de marcas de frenagem antes e após o sitio de impacto, mesmo da distância e intensidade com que o corpo da vítima foi lançado, a velocidade de impacto seria de 30 km/h”, ponderou.

 

Por fim, o policial disse confiar no trabalho da Politec e que os peritos estão bem intencionados.

 

“Em princípio vamos dar um voto de confiança a Politec. Tudo indica que estão bem intencionados no que irão fazer e trazer, de fato, qual a velocidade do carro no dia em que atropelou o verdureiro. Tudo isso, nós da Polícia Judiciária Civil fazemos para trazer a verdade dos fatos”, concluiu Cabral.

 

O caso 

Letícia foi presa ainda na noite de sábado (14), em uma residência no bairro Jardim Itália, em Cuiabá. No domingo (15), a juíza Renata do Carmo Evaristo Parreira, da 9ª Vara Criminal, converteu a prisão temporária em preventiva durante audiência de custódia. Na ocasião, a magistrada afirmou que a médica tinha "personalidade criminosa", pois atropelou e matou o comerciante, fugiu do local do acidente e não acionou socorro.  A juíza também ponderou que a acusada, sendo médica, tinha o poder e o dever de prestar socorro à vítima, mas não o fez.

 

Na terça-feira (17), o desembargador Orlando Perri acolheu o pedido da defesa de Letícia feito sob o argumento de que ela tem um filho com um ano de idade e que precisa de cuidados, é responsável pelo sustento da criança, além de que não tem antecedentes criminais.

 

Como condição para que Letícia deixe a prisão, o desembargador impôs algumas medidas cautelares, entre elas comparecimento mensal ao juízo, não frequentar bares e clubes, recolhimento noturno, não pode consumir bebidas alcoólicas e entorpecentes, não pode se envolver em outros delitos. Caso Letícia infrinja alguma das medidas, ela pode ser recolhida para o regime fechado novamente.

 

 

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