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Quarta-feira, 16 de Maio de 2018, 11h:51

MT possui 106 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes

MICHELY FIGUEIREDO

Em um intervalo de quatro anos, Mato Grosso registrou aumento de 29% no número de pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes em rodovias federais. Enquanto nos anos de 2013 e 2014 foram localizados 82 pontos, em 2017 e 2018 esse número subiu para 106. Os dados constam no Mapear, mapeamento realizado pela Polícia Rodoviária Federal em parceria com a Childhood Brasil, divulgado nesta segunda-feira (14).

 

Reprodução/Internet

menina indigena violencia

 

Mato Grosso, na contramão nacional, apresentou aumento dos pontos de exploração sexual. Em todo o país, de acordo com os dados disponibilizados, houve uma redução de 14% se observado o levantamento feito há quatro anos.


Foram resgatadas 121 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade no Brasil e em 4 ações nacionais 15.607 pessoas foram alcançadas pela Polícia Rodoviária Federal.


Observando dados consolidados, a redução de pontos críticos sobe para 49%, enquanto o número de crianças e adolescentes resgatados salta para 4.766 em todo o país. A compilação de dados começou a ser feita em 2004. Este trabalho já rendeu à Polícia Rodoviária Federal quatro prêmios nacionais de Direitos Humanos (2009, 2012, 2013 e 2015).


Considerando toda a região Centro Oeste, foram observados 396 pontos vulneráveis, localidade do país com o menor registro de postos de exploração. Na região Nordeste foram detectados 644 pontos, região sul 575, sudeste 468 e região norte 404.


Ao todo foram detectados 2.487 pontos vulneráveis, sendo 59,55% em áreas urbanas. Nesta realidade, foram considerados pontos críticos 489, ou seja, 19,7% do total.


O estado com o maior número de pontos críticos é o Ceará, com 81. Em segundo aparece Goiás com 55, Pará com 52, Minas Gerais com 48 e Paraná com 29.
A BR-116 é a que apresentada maior volume de pontos críticos, com 114 registros, seguida pela BR-101, com 56 pontos, BR-153 com 37 e BR-364 com 26.
Conforme o estudo, o principal local onde ocorre a exploração sexual de crianças e adolescentes é o posto de combustível. Os locais secundários são os pontos de alimentação. Na sequência estão pátios de parada e bares.

 

Esta edição do MAPEAR traz outro dado emblemático. Conforme o levantamento foi sendo realizado ano a ano, em alguns estados foi detectada a “migração de pontos” para  dentro de pontos que não estão à beira de rodovias federais. “Notamos que com a maior identi?cação e atuação nos pontos vulneráveis, aliando a repressão com campanhas preventivas e educativas, incentivando o uso do Disque 100 houve a ‘interiorização’ dos ambientes suscetíveis à exploração, que agora estão se instalando em rodovias  estaduais e isso traz uma urgência para a transferência da metodologia do MAPEAR às Polícias Rodoviárias dos  Estados mais críticos”, comenta Eva Dengler, Gerente de Programas e Relações Empresariais da Childhood Brasil.


Desafios


O levantamento aponta que ainda são desafios dos envolvidos transferir a metodologia de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes em rodovias para as policiais militares estaduais, responsáveis pelos batalhões rodoviários; fazer o cruzamento de dados com trabalho escravo e tráfico de pessoas e tornar os locais de parada ambientes seguros para os motoristas e livres da exploração sexual. Além disso, é necessário fazer com que os dados cheguem até gestores públicos para que ações sejam implementadas no sentido de prevenir e enfrentar a exploração sexual, reduzindo assim os pontos críticos. Outro desafio destacado é manter a efetividade do enfrentamento, mesmo com o crescimento desproporcional entre população, frota da veículos e efetivo da PRF.


Childhood


Certificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), a Childhood Brasil trabalha para influenciar a agenda de proteção da infância e adolescência no país, seja em parceria com empresas, com a sociedade civil ou com o governo. A organização tem o papel de garantir que os assuntos relacionados ao abuso e a exploração sexual sejam pauta de políticas publicas e privadas oferecendo informação, soluções e estratégias para os diferentes setores da sociedade.


Criada em 1999 pela Rainha Silvia da Suécia com o objetivo de proteger a infância e “garantir que as crianças sejam crianças”, a Childhood Brasil é uma organização brasileira que faz parte da World Childhood Foundation (Childhood), instituição internacional que conta com mais três escritórios: Estados Unidos, Alemanha e Suécia. O trabalho nos outros escritórios, no entanto, é diferente do realizado no Brasil. Os escritórios estrangeiros concentram suas atividades no apoio financeiro a projetos de organizações locais em mais de 16 países.