HiperNotícias - Você bem informado

Domingo, 22 de Abril de 2018, 14h:02

Diretor do IML afirma ser impossível haver corporativismo no exame de médica

LUIS VINICIUS

O diretor geral da Perícia Oficial Técnica de Identificação (Politec), Reginaldo Rossi, garantiu ser impossível ter havido corporativismo entre os médicos legistas do Instituto Médico Legal (IML) no exame clínico que não constatou sinais de embriaguez na dermatologista Letícia Bortolini, de 35 anos, no dia em que ela foi presa por ter atropelado o vendedor de verduras, Francisco Lúcio Maia, de 48 anos. O caso aconteceu no sábado (14), na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

reginaldo rossi

 

Letícia foi presa no mesmo dia, em uma residência no bairro Jardim Itália, em Cuiabá, após ter fugido sem prestar socorro à vítima. Na hora do atropelamento, o esposo da suspeita, o urologista Aritony de Alencar Menezes, de 37 anos, estava no banco de passageiro e também deverá responder por omissão de socorro, por se tratar de um médico.

 

Uma testemunha que observou todo o crime, seguiu o carros dos profissionais de saúde e conseguiu flagra-los na residência onde moram, no bairro Jardim Itália.

 

Na casa dos médicos, policiais militares que atenderam a ocorrência afirmaram que a médica tinha sinais de embriaguez.

 

Após a prisão, Letícia se recusou a fazer o teste do bafômetro. No entanto, depois de quatro horas do ocorrido, ela realizou um exame clínico com um médico legista para saber se de fato estava alcoolizada. Na avaliação médica, foi constatado que ela não estava bêbada.

 

No entanto, Rossi diz ser impossível ter ocorrido corporativismo dos médicos legistas. Ele garante que o exame foi feito com total isonomia por partes dos profissionais de saúde.

 

“É impossível ter tido corporativismo, isso eu posso garantir. Para se provar alcoolismo no sangue existem várias formas de descobrir. Normalmente leva-se para o Instituto Médico Legal. Lá tem o médico com a equipe de apoio do médico que faz todo o trabalho. Tanto o trabalho da parte clínica, quanto ao trabalho de coleta. Isso é rotina. Não existe essa história de corporativismo. Isso eu posso garantir.”, disse o diretor ao HiperNotícias.

 

O delegado da Delegacia de Delitos de Trânsito (Deletran), Christian Cabral, afirmou que o fato do exame ter sido realizado 4 horas após o acidente pode influenciar no resultado final.

 

“A médica fez um exame clínico, mas se negou a fazer o exame de sangue. Mas, pelo Código de Trânsito, a embriaguez pode ser confirmada por vários meios de prova, uma delas é a testemunhal. Ela ainda teve o direito de contestar essa prova e foi encaminhada ao IML. Fez o exame clínico, e constatou que não havia sinal de embriaguez”, explicou Cabral a reportagem.

 

O caso

 

Letícia foi presa ainda na noite de sábado (14), em uma residência no bairro Jardim Itália, em Cuiabá. No domingo (15), a juíza Renata do Carmo Evaristo Parreira, da 9ª Vara Criminal, converteu a prisão temporária em preventiva durante audiência de custódia. Na ocasião, a magistrada afirmou que a médica tinha "personalidade criminosa", pois atropelou e matou o comerciante, fugiu do local do acidente e não acionou socorro.  A juíza também ponderou que a acusada, sendo médica, tinha o poder e o dever de prestar socorro à vítima, mas não o fez.

 

Na terça-feira (17), o desembargador Orlando Perri acolheu o pedido da defesa de Letícia feito sob o argumento de que ela tem um filho com um ano de idade e que precisa de cuidados, é responsável pelo sustento da criança, além de que não tem antecedentes criminais.

 

Como condição para que Letícia deixe a prisão, o desembargador impôs algumas medidas cautelares, entre elas comparecimento mensal ao juízo, não frequentar bares e clubes, recolhimento noturno, não pode consumir bebidas alcoólicas e entorpecentes, não pode se envolver em outros delitos. Caso Letícia infrinja alguma das medidas, ela pode ser recolhida para o regime fechado novamente.

 

Médico disse que estava dormindo

 

Durante depoimento prestado na tarde de terça-feira (17), o esposo da suspeita, o médico Aritony afirmou ao delegado Christian Cabral que não sabia que a sua esposa, havia ingerido bebida alcoólica, durante um festival pouco antes de atropelar o vendedor de verduras.

 

Durante a oitiva, que durou aproximadamente duas horas, o profissional de saúde alegou que após entrar no carro com a sua esposa, dormiu e não viu o momento do atropelamento. Alencar contou ainda que só ficou sabendo do acidente quando os policiais chegaram em sua residência.

 

“Ele foi bastante evasivo no depoimento. Ele confirmou que quem saiu dirigindo foi a sua esposa, isso é importante, mas nós já tínhamos isso. Continuamos trabalhando para que não haja dúvidas sobre disso. Ele negou que presenciou a Leticia fazer o consumo de álcool durante o evento. O médico afirmou que não observou que a sua esposa estava bêbada quando estava dirigindo. Logo depois, ele contou que entrou no carro, dormiu e que só ficou sabendo do atropelamento quando os policiais foram até a sua casa e informaram do acidente”, disse o delegado à reportagem.