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Quinta-feira, 05 de Outubro de 2017, 11h:25

Selma Arruda presta depoimento sobre "barriga de aluguel" na Operação Forti

PABLO RODRIGO

A juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, foi ouvida nesta quinta-feira (5) pelos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Stringueta, responsáveis pelas investigações das interceptações telefônicas clandestinas.

 

Luis Vinicius - HiperNotícias

selma arruda

 Selma Arruda foi ouvida por quase uma hora e depois foi liberada

A magistrada foi questionada a respeito do ofício encaminhado ao governo do Estado,  Ministério Público Estadual (MPE) e a Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), de que números foram inseridos pela prática de ”barriga de aluguel” – quando números de pessoas comuns são listados como se pertencendo a alvos de investigações policiais.  

 

“É possível verificar que existem indícios de que os terminais telefônicos (65) 9998-1122 e (65) 9208-6867 foram inseridos pela autoridade policial, delegada Alana Derlene Souza Cardoso. Esta delegada ocupava, na época, o cargo de Diretora de Inteligência da Policia Judiciária Civil, diretamente ligada à Secretaria de Segurança Pública, cujo titular era o promotor de justiça Mauro Zaque de Jesus. Foi ela a coordenadora da Operação Fortis, da SESP. O ocorrido denota, a princípio, típico caso da chamada “barriga de aluguel”, que induziu tanto o Ministério Público quanto o juízo a erro”, diz trecho do documento proferido pela juíza Selma Arruda no  dia de 25 de maio. 

 

Os dois telefones pertencem a Tatiana Sangalli Padilha (suposta ex-amante) e Caroline Mariano dos Santos (ex-assessora), ambas ligadas ao ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques. 

 

Segundo as informações da magistrada, os números da Tatiana Sangalli e Caroline Mariano foram inseridos no segundo pedido da “Operação Forti” em fevereiro de 2015, comandada pela Inteligência da Policia Judiciária Civil e que investigava crimes ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT). 

 

Neles, Tatiana seria vulgo “Dama Lora” e Caroline como sendo do vulgo “Amiguinha”. Porém, logo depois, as duas foram retiradas das prorrogações das interceptações telefônicas da operação. 

 

Selma Arruda também explica que nunca foram enviados os áudios das duas vítimas. “Esclareço que, em relação à Operação Fortis, os áudios dos demais investigados foram remetidos regularmente ao juízo, restando não enviados apenas os desses dois alvos, eis que o relatório aponta que não houve conversa no período”, explica a magistrada. 

 

Já em relação a “Operação Querubim”, que se inicia um mês após a “Operação Forti” e que foi comandada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Selma Arruda alega que as interceptações das duas mulheres ocorreram de maneira legal, já que os nomes oficiais delas constavam no pedido para se investigar a desconfiança que uma organização criminosa, vinculada ao ex-comendador João Arcanjo Ribeiro, tramava contra a vida do governador Pedro Taques (PSDB). 

 

No entanto, a magistrada não descarta que o possível planejamento da operação que investigava a ameaça a do governador e que se baseou a investigação, possa ter sido criada pelos investigadores. “Neste caso não há como afirmar que houve ‘barriga de aluguel’, já que os nomes e dados dos alvos interceptados foram efetivamente revelados pela autoridade policial, não se descartando, contudo, que possa ter havido a construção de [história cobertura], para dar legitimidade às escutas”. 

 

Selma Arruda ainda alega que na época, “era impossível a constatação de eventual fraude, até porque se trata de duas representações, formuladas por autoridades policiais distintas, lotadas em unidades diversas”, complementa a titular da 7ª Vara Criminal. 

 

Ela deixou o prédio do Complexo Miranda Reis sem falar com os jornalistas.