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Quarta-feira, 27 de Setembro de 2017, 11h:12

Oficial diz que foi chantageado por Jarbas com cargo de coronel para gravar Perri

CAMILLA ZENI

O ex-secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, delegado Rogers Jarbas, teria oferecido o posto de coronel da Polícia Militar ao escrivão do Inquérito Policial Militar (IPM) que investiga as escutas ilegais, para se proteger no caso dos escândalos de grampos. A revelação foi feita em depoimento pelo tenente-coronel José Henrique Costa Soares à delegada Ana Cristina Feldner, responsável pelas investigações.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

rogers jarbas

Jarbas teria autorizado promoção de tenente coronel para obter favores

O oficial relatou que foi chantageado para fazer gravações de falas do desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Orlando Perri, com o intuito de coletar “qualquer frase do desembargador para afastá-lo das investigações”. Ele foi “recrutado” pelo grupo criminoso assim que foi nomeado responsável pelo IPM.

 

Em depoimento, ele revelou que, em um dos momentos de coação, o Major Michel Alex Ferronato, com quem se encontrou em duas oportunidades no Parque Mãe Bonifácia, ofereceu à ele o posto de coronel da PM em troca de que ele prosseguisse com o plano.

 

No primeiro dia, Ferronato o questionou sobre o andamento do caso e informou que o secretário Rogers Jarbas iria precisar das gravações, já que as investigações estavam se aproximando de seu nome. Na segunda oportunidade veio a oferta da promoção, que teria acontecido a mando de Rogers Jarbas.

 

O segundo encontro aconteceu no dia seguinte, quando o major Ferronato, explicitamente, lhe ofereceu a promoção de coronel, “em razão dos serviços que estaria prestando para o grupo”. À ele, também foi pedido que investigasse junto à delegada Ana Cristina Feldner se haveria algo em desfavor do secretário. A preocupação aumentara em razão dos avanços no caso e da exposição de Jarbas na imprensa.

 

“QUE ainda no último dia que esteve na casa do CEL. LESCO, quando entregou sua farda para instalação do equipamento, o CEL. LESCO disse expressamente que ‘o SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA iria determinar que alguém o procurasse', e que era para o depoente ser bastante solícito e atender as orientações que fossem recebidas; [...] “QUE nesse segundo encontro o MAJOR FERRONATO ofereceu a promoção de CORONEL para o depoente, em razão dos serviços que estaria prestando para o grupo; QUE esse oferecimento foi explícito, perguntando inclusive ao depoente, qual seria a garantia que o depoente queria; QUE o depoente afirma com veemência que ficou caracterizado dois momentos de cooptação do depoente”, diz trecho do depoimento.

 

A conversa com o major ainda revelou que um promotor de Justiça estaria atuando a fim de atrapalhar as investigações fazendo a blindagem do grupo criminoso. No entanto, nenhum nome foi citado.

 

Para o delegado Orlando Perri, o secretário, provavelmente, teria tomado conhecimento sobre a representação por seu afastamento do cargo, que havia sido feita pela delegada. “Daí a pressa em se ‘resolver tudo na próxima semana’. Depois, segundo dissera o Major Ferronato, ‘a situação em desfavor do Secretário Rogers Jarbas estava indo longe demais’”, ponderou o magistrado.