Os corredores da Câmara Municipal de Cuiabá foram tomados, na manhã desta terça-feira (29), por manifestantes que se posicionam contrários à conduta do prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB), flagrado recebendo dinheiro de propina, quando ainda era deputado estadual. Os protestantes pedem que o órgão instale uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a conduta do político.
Conforme os líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), cerca de 100 pessoas ocupam a câmara nesta manhã. No começo do protesto, várias pessoas fizeram fila para acessar a galeria da Casa de Leis, com o objetivo de acompanhar a primeira sessão após a divulgação do vídeo. Em determinado momento, foi bloqueado o acesso à galeria, o que gerou um princípio de tumulto.
“A casa aqui é do povo”, manifestou um popular. “O povo que veio protestar está aqui fora. Nós precisamos entrar lá, o povo quer manifestar lá dentro. Lá só estão servidores e pessoas que defendem o prefeito, e o povo está aqui fora”.
O coordenador do MBL Rafael Millas afirmou que a Mesa Diretora da Casa permitiu apenas que apoiadores de Pinheiro entrassem na galeria. Os manifestantes, então, começaram gritos de ordem. Em coro, dizem: "Fora, Emanuel!", "Tire o dinheiro pro Emanuel", "Emanuel Pinheiro, devolve o meu dinheiro", e outros.
De acordo com o major Lupércio Cabral, 20 policiais militares estão no local para garantir a ordem pública. Ainda segundo o major, a entrada na galeria foi bloqueada porque o espaço está lotado e todos sentados.
Conforme chegavam à câmara, populares e a imprensa abordavam os parlamentarem. O vereador Toninho de Souza (PSD), ex-presidente da Comissão de Ética na última legislatura, informou que vai votar contra a abertura da CPI "por não ser o instrumento adequado para cassar Pinheiro".
Já Gilberto Figueiredo (PSB) se disse a favor da investigação. “É o mínimo que essa Casa de Leis tem que fazer nesse momento. Até para permitir ao prefeito ampla defesa, direito ao contraditório num ato formal”, ponderou. Ele disse, ainda, que esta é uma oportunidade para que a câmara quebre o paradigma de que não se posiciona diante de certos casos ou pede cassação de mandatos de políticos.
Para Felipe Wellaton (PV), é dever do vereador fiscalizar o executivo e, portanto, alguma medida precisa ser tomada. “Não importa o mecanismo jurídico, se vai ser CPI ou comissão julgadora, ou, até mesmo, um pedido de cassação, e sim a ação do parlamentar. Fui eleito para fiscalizar não só as ações da Câmara, mas também do Executivo. É prerrogativa do cargo”.
O vídeo
A manifestação popular começou após a divulgação de um vídeo, gravado pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), no qual Emanuel Pinheiro e outros deputados aparecem recebendo dinheiro de propina. Na ocasião, Pinheiro enche seu paletó com R$20 mil que recebeu das mãos de Silvio Cesar Corrêa, ex-chefe de gabinete de Silval.
A gravação está anexa ao termo de delação premiada firmada por Silval junto ao Ministério Público Federal (MPF), na qual revela diversos esquemas de desvio de recursos públicos.
Veja:
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