Uma força-tarefa das polícias Federal, Rodoviária Federal e Militar, e do Ministério Público Estadual (MP-GO), realiza na manhã desta quinta-feira (10) a segunda fase de uma operação contra roubo de cargas em Goiás, no Distrito Federal e em mais quatro estados. Segundo as investigações, o prejuízo causado até o momento gira em torno de R$ 30 milhões.
São cumpridos 91 mandados judicias, sendo 40 de prisão. Ao todo, 450 policiais atuam em cidades de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e no DF. As cidades onde ocorrem os trabalhos são: Goiânia, Anápolis, Guapó, Luziânia, Piracanjuba, Trindade (GO); Brasília (DF); Ponte do Araguaia (MT); Araguari (MG); Mandaguari (PR); Itajaí (SC).
Entre os já detidos, está uma suplente de vereadora de Buritis (MG). Conforme as investigações, ela usava documentos de identidade falsos com o intuito de lavar dinheiro para o grupo criminoso. Apesar de não declarar nenhum bem, segundo a polícia, ela tinha uma vida de luxo.
Outro preso é o dono de um supermercado no Conjunto Riviera, em Goiânia. A operação apontou que ele era receptador de cargas roubadas, as quais eram revendidas em seu estabelecimento. Na residência dele foram encontrados quatro veículos de luxo.
Denominada Hicsos II, a ação desta manhã é um desdobramento da operação Hicsos, realizada em fevereiro deste ano e que prendeu, na época, 30 pessoas.
Segundo a PF, o foco desta fase é um grupo de empresários e agentes políticos que davam suporte financeiro ao roubo de cargas em vários municípios brasileiros.
A polícia acredita que um dos envolvidos está foragido na Inglaterra. Por isso, será solicitado auxílio das autoridades britânicas e da Interpol para encontrá-lo.
Os envolvidos responderão pelos crimes de roubo qualificado, cárcere privado, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e receptação.
Primeira fase
A primeira fase da operação foi realizada no último dia 22 de fevereiro. Na ocasião, foram expedidos 82 mandados judiciais, sendo 37 de prisão preventiva, 14 de condução coercitiva, quando a pessoa é levada para prestar depoimento, e 31 de busca e apreensão. Os alvos foram as cidades de Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Trindade, Bela Vista, Leopoldo de Bulhões, Alexânia, Morrinhos, Campos Belos, além do Distrito Federal.
Também foram apreendidos 15 veículos roubados e 15 armas de fogo, além de recuperadas cargas roubadas avaliadas em mais de R$ 500 mil.
Segundo a força-tarefa, donos de supermercado, distribuidoras de alimentos e bebidas e até postos de combustíveis pagavam 50% do valor da carga para os criminosos. Após receberem a mercadoria, revendiam os produtos de origem ilegal.
"O dinheiro que era conseguido pelas quadrilhas era usado para cometer outros crimes. A quadrilha também atuava no tráfico de drogas e roubos de carros. Então, desmanchando essa quadrilha agora, também atingimos outros tipos de crimes", disse na época o superintendente da Polícia Federal, Humberto Ramos.
Ainda segundo a Polícia Federal, esses criminosos agiam de duas a três vezes por semana. "Eles não tinham outra profissão, era só essa de crimes mesmo. Então, eles roubavam para eles, roubavam para as quadrilhas, agiam com uma grande frequência", disse o superintendente.
Os criminosos chegavam a fazer falsas barreiras policiais, usando coletes de fiscalização e veículos equipados com sirene e giroflex. Eles paravam os caminhões e, caso se interessassem pela carga, anunciavam o assalto. Segundo o superintendente da Polícia Rodoviária Federal, Álvaro Resende, os crimes aconteciam principalmente na região de Anápolis.
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